Se você está pensando em comprar um imóvel e tem o Minha Casa, Minha Vida no radar, vale a pena ficar por dentro de um movimento que está mexendo com o setor: o aumento expressivo na compra de imóveis usados com financiamento pelo MCMV.

Nos últimos anos, a modalidade foi ganhando espaço, e em 2024 bateu recorde de contratos. Isso acendeu um alerta na construção civil, que defende prioridade para os imóveis novos. Mas o que mudou exatamente? E como isso afeta quem quer aproveitar os benefícios do programa?

Por que o MCMV é tão importante para o mercado?

O programa Minha Casa, Minha Vida é uma das principais portas de entrada para quem busca o sonho da casa própria com condições mais acessíveis. Com taxas de juros menores e possibilidade de subsídios, ele impulsiona a atividade econômica, gera empregos e movimenta o setor imobiliário como um todo.

No primeiro trimestre de 2024, quase metade das vendas e lançamentos de imóveis novos contou com os incentivos do programa. Mas ao mesmo tempo, a compra de usados dentro do MCMV disparou, o que deixou o setor da construção civil em alerta.

O que mostram os números?

Segundo dados do Ministério das Cidades analisados pela FGV, 2024 teve o maior número de contratos de usados da história do programa. Foram:

  • 583 mil unidades financiadas no total
  • 427,9 mil novas
  • 155,1 mil usadas

Ou seja, os usados representaram 27% de todos os financiamentos — uma proporção nunca antes vista.

O que mudou nas regras para os usados?

Desde fevereiro de 2023, é permitido usar os juros reduzidos do MCMV para comprar imóveis usados. Mas como o volume de contratos cresceu muito, o governo ajustou as regras em 2024, especialmente para a faixa 3, com renda entre R$ 4.400 e R$ 8 mil.

As mudanças foram:

  • Limite do valor do imóvel usado caiu de R$ 350 mil para R$ 270 mil
  • Entrada obrigatória aumentou: de 30% para 50% em algumas regiões

O objetivo foi direcionar mais recursos para os imóveis novos, que têm impacto direto na economia e ajudam a retroalimentar o FGTS.

Mas e em 2025, teve novidade?

Sim! Em resposta à pressão do mercado e para equilibrar os impactos, o governo suavizou algumas dessas exigências:

  • Faixa 4 criada: agora, famílias com renda de até R$ 12 mil também podem comprar usados pelo programa
  • Redução no valor da entrada para a faixa 3:
    • Regiões Sul e Sudeste: caiu de 50% para 35%
    • Norte, Nordeste e Centro-Oeste: de 30% para 20%

Exemplo prático com base no valor máximo permitido (R$ 270 mil):

  • Sul/Sudeste: antes, era necessário R$ 135 mil de entrada; agora, R$ 94,5 mil
  • Norte/Nordeste/Centro-Oeste: antes, R$ 81 mil; agora, R$ 54 mil

Essas novas condições deram um fôlego ao mercado de usados, facilitando o acesso principalmente para a classe média.

Por que o setor de construção está preocupado?

As construtoras defendem que a prioridade do MCMV deve ser os imóveis novos, que geram empregos diretos, movimentam a cadeia produtiva e aumentam a arrecadação do FGTS.

Segundo a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção):

“A aquisição de usados é válida em regiões com pouca oferta de novos, mas não contribui para a sustentação do fundo ou geração de empregos como os novos.”

Com o FGTS sendo uma fonte limitada e bastante disputada, essa divisão de recursos preocupa o setor.

Quais são as regras para financiar um imóvel usado pelo MCMV?

As condições são parecidas com as dos novos, com algumas especificidades. Confira os principais critérios:

  • Comprovar renda dentro da faixa do programa
  • Não possuir outro imóvel no município onde deseja comprar
  • Não ter sido beneficiado por outros programas habitacionais
  • Ter capacidade de pagamento aprovada pela Caixa

Além disso, o imóvel usado deve estar regularizado e com até 180 dias do “habite-se” para ser considerado novo. Depois disso, passa a ser oficialmente classificado como usado.

Como está o mercado em 2025?

Mesmo com uma queda de 5,5% na oferta geral de imóveis no primeiro trimestre, o clima é de otimismo. Segundo a CBIC, o estoque atual é suficiente para atender à demanda pelos próximos oito meses, e a expectativa é que o setor siga aquecido com a consolidação da faixa 4.

Alfredo Freitas, presidente da ABMI, reforça:

“Toda melhoria no mercado de crédito é bem-vinda. As novas condições dão fôlego à classe média e criam boas perspectivas para os usados.”

Comprar novo ou usado pelo MCMV?

A decisão vai depender do seu perfil, renda e da oferta na sua região. Os usados costumam ser mais baratos e estão localizados em áreas centrais, mas os novos trazem maior valor agregado, garantias e potencial de valorização.

Com as novas regras de 2025, ficou mais fácil adquirir um usado. Mas o governo segue incentivando a compra de imóveis novos como estratégia para movimentar a economia.

Antes de decidir, avalie:

  • Valor da entrada exigida
  • Localização do imóvel
  • Condição de conservação
  • Benefícios fiscais e taxas

Converse com um consultor da Caixa ou imobiliária de confiança para entender qual opção se encaixa melhor no seu orçamento.

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