Um novo alerta preocupa a comunidade científica em todo o mundo. A gripe aviária, provocada pelo vírus H5N1, tem avançado de forma silenciosa e rápida, infectando aves e mamíferos em diversos continentes. Agora, especialistas afirmam que o risco de essa doença se transformar em uma nova pandemia é real e crescente.

Presente há décadas entre aves, o vírus evoluiu e já ultrapassou barreiras, sendo identificado em camelos no Oriente Médio, pinguins na Antártida e até rebanhos leiteiros nos Estados Unidos. Todos os 50 estados americanos já registraram casos em animais. Mais de mil rebanhos foram afetados e pelo menos 70 pessoas foram infectadas, com uma morte confirmada.

No Brasil, o sinal de alerta se acendeu após a confirmação de um caso em granja comercial no Rio Grande do Sul, no dia 16 de maio. A propriedade produz ovos férteis para frangos e até então, o vírus só havia sido detectado em aves silvestres. A descoberta provocou reações imediatas. China, União Europeia e Argentina suspenderam temporariamente a importação de frango brasileiro.

A principal preocupação dos cientistas não é apenas a presença do vírus, mas o ritmo acelerado de contágio entre espécies. O H5N1 já atingiu aves de criação, aves silvestres e mamíferos em diferentes regiões do mundo. Nos últimos meses, casos também surgiram em humanos em países como Estados Unidos, Reino Unido, Índia, México, Camboja e Vietnã.

O avanço entre mamíferos é um sinal crítico. Quanto mais o vírus circula, maior é a chance de ele sofrer mutações que facilitem a transmissão entre pessoas. Até agora, não há registro de contágio direto entre humanos. Mas o risco aumenta a cada novo salto de espécie.

Especialistas apontam três fatores que tornam a situação atual especialmente perigosa. O primeiro é o número elevado de mamíferos infectados, inclusive em rebanhos que mantêm contato direto com humanos. O segundo é a velocidade de propagação do vírus entre animais. E o terceiro é a fragilidade de sistemas de vigilância, principalmente após cortes em órgãos de saúde pública em países como os Estados Unidos.

A chegada do vírus ao Brasil coincide com a temporada de migração de aves silvestres, o que aumenta ainda mais o risco de espalhamento. Por isso, autoridades intensificaram o monitoramento e reforçaram medidas de prevenção em propriedades rurais.

Muitos países já utilizam vacinas em aves. França, China, México e Índia são exemplos de nações que adotaram a imunização como forma de controle. Na França, a vacinação de patos teve resultados positivos e ajudou a conter surtos. Mesmo assim, vacinar em larga escala ainda é um desafio, por causa da logística, dos custos e da possibilidade de resistência viral.

No caso dos humanos, já existem estoques de vacinas desenvolvidas para uso em situações de emergência. Elas seriam aplicadas, inicialmente, apenas em pessoas com exposição direta ao vírus. Se o contágio entre humanos se confirmar, novas vacinas precisarão ser produzidas com base na cepa mais recente.

O vírus H5N1 é conhecido por sua capacidade de adaptação. Cientistas temem que, se continuar circulando livremente, possa sofrer mutações que o tornem altamente transmissível entre humanos. A preocupação é que uma mudança repentina transforme o surto atual em uma pandemia.

A gripe aviária deixou de ser uma ameaça distante. Ela já está presente em diversos países e o mundo precisa agir com urgência para evitar que a história se repita. A vigilância precisa ser reforçada, os testes devem ser ampliados e a resposta precisa ser global. Caso contrário, o próximo desafio da saúde pública pode já estar à nossa porta.

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