O Departamento de Comércio dos Estados Unidos confirmou nesta terça-feira (26) a aplicação de tarifas antidumping no valor de US$ 2,9 bilhões contra o Brasil e mais nove países, em resposta às exportações de aço resistente à corrosão. O produto é fundamental para setores estratégicos como a indústria automotiva, de eletrodomésticos e a construção civil, o que aumenta o alcance dos efeitos da decisão.

Por que os EUA aplicaram as tarifas

Segundo a investigação americana, os países envolvidos estariam praticando dumping, vendendo o aço nos EUA a preços abaixo do valor de mercado, além de se beneficiarem de subsídios governamentais, considerados distorções à concorrência.

“O trabalhador e a indústria siderúrgica americana merecem competir em igualdade de condições”, afirmou William Kimmitt, subsecretário de Comércio Internacional, ao justificar as medidas protecionistas.

Entre os países afetados estão: Brasil, Austrália, Canadá, México, Holanda, África do Sul, Taiwan, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Vietnã.

Impacto direto no Brasil

O Brasil é um dos mais atingidos, já que mantém fortes relações comerciais em siderurgia com os EUA. O aço resistente à corrosão brasileiro abastece montadoras de veículos, construtoras e fabricantes de eletrodomésticos no mercado americano.

Com as novas tarifas, analistas preveem:

  • Queda nas exportações brasileiras de aço para os EUA.
  • Sobreoferta no mercado interno, com risco de queda de preços.
  • Pressão sobre margens de lucro e sustentabilidade financeira de grandes siderúrgicas nacionais.

No curto prazo, o setor automotivo brasileiro pode até se beneficiar de preços menores internamente, mas o impacto global para a indústria tende a ser negativo.

Próximos passos: avaliação da ITC

A decisão ainda será analisada pela Comissão de Comércio Internacional (ITC) dos EUA, que determinará se as importações causaram “dano material” à indústria local.

Se a ITC confirmar o prejuízo, as tarifas antidumping e compensatórias serão aplicadas definitivamente, aumentando as barreiras para os exportadores brasileiros.

Escalada no comércio global

A medida se soma a uma série de ações protecionistas dos EUA em aço e alumínio nos últimos anos. Países afetados, como o Brasil, podem recorrer à OMC ou adotar contramedidas comerciais, aumentando as tensões internacionais.

Especialistas alertam que a decisão ocorre em um momento delicado para as cadeias globais de suprimento, ainda em recuperação após a pandemia e os efeitos da guerra no Leste Europeu.

O que está em jogo para o Brasil

O setor siderúrgico brasileiro já lida com altos custos de energia, concorrência asiática e demanda doméstica irregular. Perder espaço no mercado americano, um dos mais importantes para o aço nacional, pode significar deslocamento de exportações para Ásia e Europa, mas também maior vulnerabilidade diante de oscilações globais.

Um alerta para o comércio internacional

A decisão americana é vista como um alerta vermelho para o comércio global, ao reforçar tendências de protecionismo em setores estratégicos. Para o Brasil, o desafio será diversificar mercados e fortalecer a demanda interna, ao mesmo tempo em que busca negociar soluções diplomáticas para evitar prejuízos maiores no setor siderúrgico.

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