A decisão dos Estados Unidos de aplicar uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros abre uma oportunidade bilionária para o Brasil ampliar sua presença comercial no mercado árabe. O novo cenário coloca o País em posição estratégica para aumentar vendas de commodities agrícolas, carnes e até produtos industrializados aos 22 países da Liga Árabe.

Segundo levantamento da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, a medida norte-americana favorece o redirecionamento de itens exportados pelo Brasil para destinos como Arábia Saudita, Egito, Kuwait e Emirados Árabes Unidos, que apresentam forte demanda e tarifas mais baixas.

Café e carne bovina puxam a lista de oportunidades

O café verde aparece entre os produtos mais promissores. Em 2024, o Brasil enviou US$ 1,89 bilhão aos Estados Unidos contra US$ 513,83 milhões para os árabes. Apenas a Arábia Saudita importou quase US$ 400 milhões em café, mas menos de 15% desse total veio do Brasil, revelando amplo espaço de crescimento.

A carne bovina também ganha destaque. Enquanto os Estados Unidos compraram US$ 885 milhões, os países árabes já importaram US$ 1,21 bilhão em proteína bovina brasileira. No entanto, mercados como Egito e Arábia Saudita ainda têm potencial para ampliar a fatia nacional.

Itens pouco explorados podem ganhar espaço

Além dos alimentos, o estudo aponta setores industriais que ainda têm baixa presença no Oriente Médio. Máquinas de construção, semimanufaturados de ferro e aço e madeira de coníferas são exemplos de produtos vendidos aos americanos, mas com pouca penetração nos países árabes.

Esses itens enfrentam tarifas de até 12% no mercado árabe, bem abaixo da nova alíquota de 50% aplicada pelos Estados Unidos, o que pode atrair exportadores brasileiros.

Tarifas mais vantajosas no Oriente Médio

As condições comerciais também favorecem a mudança de rota. O café verde entra com taxa zero nos países árabes, enquanto nos EUA agora enfrenta 50%. A carne bovina congelada paga entre zero e 6% no Oriente Médio, contra 50% no mercado americano.

Outros produtos, como açúcar, ferro e aço, petróleo refinado e soja, também encontram alíquotas mais brandas na região.

Estratégia para ampliar presença brasileira

A Câmara de Comércio defende um plano de ação em três frentes: sensibilização, diversificação e facilitação. Isso inclui campanhas de promoção de produtos brasileiros, apoio às empresas no cumprimento de exigências locais, como a certificação halal, e avanços em acordos diplomáticos e comerciais.

O Mercosul aparece como peça-chave nas negociações, com tratativas já em andamento com Tunísia, Marrocos, Jordânia, Líbano e principalmente com o Conselho de Cooperação do Golfo, que reúne seis países estratégicos.

Países árabes como parceiros estratégicos

Em 2024, o Brasil exportou US$ 23,68 bilhões para o mercado árabe, registrando superávit de US$ 13,5 bilhões. O agronegócio lidera, representando 76% das vendas, com destaque para açúcar, frango, milho e carne bovina.

Do lado contrário, o Brasil importa principalmente petróleo e fertilizantes, o que reforça a complementaridade comercial.

Segundo o secretário-geral da Câmara, Mohamad Mourad, a região árabe combina crescimento econômico acima da média mundial, população jovem e alta demanda por alimentos, tornando o Brasil um parceiro estratégico em segurança alimentar.

Oportunidade imediata para o Brasil

O estudo conclui que a nova política tarifária americana cria uma janela única para que o Brasil diversifique mercados e fortaleça relações históricas com o mundo árabe.

Com tarifas menores, demanda crescente e acordos em andamento, especialistas defendem que o País deve agir rápido para conquistar espaço e consolidar exportações bilionárias na região.

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