O brasileiro vem aproveitando as condições especiais de renegociação de dívidas para recuperar a saúde financeira. De acordo com levantamento da Serasa Experian, 61,5% das dívidas registradas em maio foram quitadas em até 60 dias após a inclusão no cadastro de inadimplência.

O Indicador de Recuperação de Crédito também mostrou aumento de 11,4% nas regularizações em comparação com o mesmo período de 2022, reforçando a disposição das famílias em retomar os pagamentos quando encontram prazos e descontos acessíveis.

Bancos e cartões puxam as renegociações

A análise por tipo de credor aponta que bancos e cartões de crédito lideraram os pagamentos no curto prazo. Logo atrás vieram as utilities, grupo que inclui contas de água e energia elétrica, consideradas indispensáveis para a rotina doméstica.

Outro dado relevante mostra que as dívidas de valor mais alto, acima de R$ 10 mil, foram as mais renegociadas. O comportamento sugere que, diante de boas condições de parcelamento, os consumidores priorizam compromissos de maior risco jurídico e financeiro.

Região Sul tem maior índice de regularização

O estudo também revelou diferenças regionais. O Sul do país apresentou a melhor taxa, com 66,1% das dívidas regularizadas em até 60 dias. Em seguida aparecem Nordeste (64,1%), Sudeste (60,3%), Centro-Oeste (59,8%) e Norte (53,9%).

Segundo a Serasa, fatores como nível de renda, formalização do trabalho e oferta de crédito influenciam diretamente a velocidade de recuperação.

Como funciona o indicador de recuperação

O cálculo considera o volume de dívidas incluídas no sistema de inadimplência em um mês e que foram regularizadas dentro de 60 dias. O prazo é usado como referência pelo mercado porque concentra a maior parte das ações de cobrança inicial.

Vale destacar que o indicador mede apenas a capacidade de quitação no curto prazo, e não o total de inadimplentes no país. Débitos antigos ou acordos com prazos superiores não entram nessa conta.

Plataformas digitais facilitam acordos

Ferramentas como o Serasa Limpa Nome têm ampliado o acesso a negociações sem burocracia. Pelo site ou aplicativo, o consumidor pode consultar débitos, avaliar condições de parcelamento e fechar acordos de forma online.

As campanhas coletivas de renegociação, que reúnem diferentes credores oferecendo descontos expressivos e prazos alongados, também têm impulsionado os resultados positivos observados em maio.

Impacto para famílias e mercado de crédito

Para o consumidor, o aumento na regularização indica que há maior flexibilidade dos credores e oportunidades reais de retomar o controle financeiro. Já para o mercado, os números funcionam como termômetro da saúde de crédito das famílias, ajudando bancos e empresas a calibrar riscos e novas ofertas.

Segundo o economista da Serasa, Luiz Rabi, os programas de renegociação “se tornaram uma grande oportunidade para os brasileiros endividados, viabilizando a quitação de débitos e auxiliando na recuperação da saúde financeira”.

Perspectivas para os próximos meses

A continuidade desse movimento dependerá do desempenho da renda, do emprego e da manutenção de campanhas de negociação em larga escala. Se as condições permanecerem favoráveis, a tendência é que o índice siga elevado nos próximos meses.

Para quem busca se reorganizar, especialistas recomendam priorizar dívidas essenciais, negociar parcelas que caibam no orçamento e aproveitar programas de desconto para evitar novos atrasos.

Com mais de 6 em cada 10 dívidas quitadas em até 60 dias, o Brasil sinaliza uma recuperação mais rápida da inadimplência, embora o desafio do endividamento estrutural ainda exija atenção constante.

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