Durante uma coletiva de imprensa neste sábado (7), na França, o presidente Lula foi questionado sobre os altos custos de suas viagens internacionais. A resposta foi direta e chamou atenção: “Eu não sei quanto tô gastando porque não cuido disso. Mas sei o quanto estou levando de volta para o Brasil.”

Lula está no país europeu desde a última quarta-feira (4) e segue agora para Nice, onde participará da Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos. Na entrevista, defendeu a intensidade da agenda externa, dizendo que é papel do presidente “abrir as portas e mostrar as possibilidades” do país ao mundo. Segundo ele, o Brasil precisa “pensar grande”, deixar de se comportar como um país pequeno e exigir que seus embaixadores façam o mesmo.

Um dos destaques da viagem, segundo o presidente, foi o compromisso assumido por 15 grandes empresas francesas de investir R$ 100 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos. Lula destacou que essas companhias já atuam em solo brasileiro e devem agora expandir suas operações.

Ele ainda mencionou acordos semelhantes firmados com investidores da China e do Japão em viagens anteriores, reforçando que os resultados justificam os deslocamentos internacionais. “Nós estamos fazendo aquilo que todo presidente da República precisaria fazer no Brasil”, afirmou.

Sobre política externa, Lula comentou a possibilidade de Vladimir Putin comparecer à cúpula dos BRICS, marcada para julho no Rio de Janeiro. O presidente afirmou que a decisão cabe ao russo, mas não entrou em detalhes sobre o mandado de prisão internacional emitido contra ele, que colocaria o Brasil em situação delicada caso Putin entre no país.

Lula também voltou a dizer que a guerra na Ucrânia está “mais próxima de um acordo” do que parece, e revelou que ligou para Putin durante uma escala na Rússia, em maio, convidando-o para uma reunião de paz na Turquia. “Ele não foi. Eu lamentei.” Além disso, manteve a acusação de genocídio contra Israel, reforçando sua posição crítica ao governo de Tel Aviv.

Enquanto isso, os custos das viagens seguem repercutindo. Um levantamento mostra que desde o início do terceiro mandato, as viagens internacionais de Lula já custaram mais de R$ 50 milhões aos cofres públicos. Os dados incluem gastos com hospedagem, aluguel de equipamentos, serviços de telefonia e logística, mas não contabilizam a viagem atual à França nem a visita recente à China, cujos valores ainda não foram divulgados.

Somente com hospedagem, os custos chegam a R$ 47 milhões. Outros R$ 3,35 milhões foram usados em estrutura logística, como aluguel de impressoras, celulares e internet. A viagem mais cara até agora foi a Moscou, em maio, onde Lula participou da cerimônia militar promovida por Putin, ao custo de R$ 1,9 milhão só em acomodações. A presença do presidente no evento gerou críticas, já que poucos líderes eleitos estiveram presentes em meio à guerra.

Entre justificativas e críticas, o roteiro internacional de Lula continua movimentado e custando caro.

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