A inadimplência no Brasil alcançou em julho de 2025 o nível mais alto desde novembro de 2017, segundo dados divulgados nesta quarta-feira, 27, pelo Banco Central (BC). No segmento de crédito com recursos livres, a taxa subiu para 5,2%, contra 5,0% em junho, acumulando alta de 1,1 ponto percentual em 2025.
Avanço do crédito e inadimplência crescente
Apesar da piora na inadimplência, o volume de crédito concedido continuou em expansão. As concessões de empréstimos cresceram 1,2% em julho na comparação com junho, enquanto o estoque total de crédito no país subiu 0,4%, chegando a R$ 6,716 trilhões.
Os financiamentos com recursos direcionados, que seguem parâmetros definidos pelo governo, tiveram alta de 7,4%, enquanto os de recursos livres, negociados diretamente entre bancos e clientes, avançaram apenas 0,5%.
O Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), em ata de sua última reunião, destacou que, mesmo desconsiderando os efeitos de mudanças regulatórias recentes, houve aumento dos ativos problemáticos, sinalizando fragilidade crescente no sistema de crédito.
Sinais de desaceleração no crédito
O crescimento do estoque de crédito em 12 meses caiu de 10,8% em junho para 10,7% em julho, reforçando a percepção de desaceleração. Segundo o BC, a tendência está alinhada a condições financeiras mais restritivas e à moderação da atividade econômica.
Atualmente, a taxa Selic permanece em 15% ao ano, patamar considerado elevado, usado pelo Banco Central para conter a inflação e reduzir o ritmo da economia.
Juros seguem elevados, mas com leve alívio
Os juros médios do crédito livre ficaram em 45,4% ao ano em julho, ligeira queda frente aos 45,5% de junho. Já no rotativo do cartão de crédito, a taxa disparou para 446,6% ao ano, permanecendo como um dos principais focos de preocupação para famílias endividadas.
O spread bancário, diferença entre o custo de captação dos bancos e o valor final cobrado dos clientes, registrou leve queda para 31,6 pontos percentuais, contra 31,7 no mês anterior.
Cenário desafiador
O aumento da inadimplência reflete a dificuldade de famílias e empresas em honrar compromissos financeiros em meio a juros altos e renda pressionada. Para especialistas, o dado acende alerta sobre a sustentabilidade do crescimento do crédito e pode influenciar decisões futuras de política monetária.
Mesmo com expansão no volume de empréstimos, o avanço da inadimplência sugere que o mercado de crédito brasileiro entra em uma fase mais delicada, exigindo atenção redobrada de bancos e reguladores nos próximos meses.