Uma cidade inteira mergulhada no luto por causa de uma mentira. Camboriú, em Santa Catarina, viveu uma sexta-feira marcada pela dor e pela indignação depois que um morador do bairro Rio do Meio, identificado como L. G., tirou a própria vida após ser alvo de uma acusação falsa que se espalhou como pólvora nas redes sociais.

Tudo começou com um vídeo que circulou no último final de semana. A gravação mostrava um cachorro correndo atrás de um carro vermelho, dirigido por L. G. Em poucos cliques, o que era apenas uma cena cotidiana virou combustível para uma avalanche de ódio: internautas começaram a acusar o homem de ter abandonado o animal, sem qualquer apuração dos fatos.

A revolta explodiu nos grupos de WhatsApp, no Facebook e no Instagram. Algumas páginas resolveram publicar o vídeo sem nenhuma verificação, aumentando ainda mais a repercussão. Bastou que alguém identificasse a placa do carro para que o nome e os dados de L. G. fossem expostos publicamente, alimentando um linchamento virtual que cresceu a cada curtida e compartilhamento.

Mas a verdade era bem diferente. L. G. jamais abandonou o cachorro. O animal nem sequer era dele. O cão pertencia a outro morador da região e tinha o hábito de correr atrás do carro do vizinho toda vez que ele saía. Era uma rotina conhecida por quem morava ali. O cachorro sempre voltava para casa depois da corrida.

Infelizmente, isso não foi suficiente para conter a fúria dos julgamentos precipitados. A pressão emocional provocada pelas acusações falsas foi devastadora. L. G. não resistiu. Na tarde de sexta-feira, ele tirou a própria vida em casa. O Instituto Médico Legal (IML) recolheu o corpo por volta das 16h30.

O choque e a tristeza tomaram conta da comunidade. Nas redes sociais, muitos moradores expressaram revolta com a irresponsabilidade de quem ajudou a espalhar uma mentira fatal. O sentimento geral foi de impotência diante da velocidade com que boatos se tornam verdades absolutas na internet.

Esse caso escancara uma realidade urgente: o perigo real das fake news. Uma simples suposição, sem qualquer prova, custou uma vida. E não é exagero dizer que todos que contribuíram com o ataque virtual têm sua parcela de responsabilidade nesse desfecho.

Não se trata apenas de “dar opinião” ou “compartilhar o que viu”. Quando se publica algo, especialmente envolvendo acusações graves, é preciso ter certeza do que se está dizendo. Porque atrás de uma tela, existe uma pessoa com sentimentos, família, rotina e dignidade. E nem sempre ela consegue suportar o peso de ser julgada por algo que não fez.

A tragédia de Camboriú é um alerta claro e doloroso: a internet não é tribunal, e muito menos terra sem lei. A pressa em apontar culpados, sem ouvir, sem checar, pode ser fatal.

Camboriú agora tenta entender como tudo saiu do controle tão rápido. Mas para L. G., infelizmente, não há mais volta.

Com informações do Jornal Razão de SC

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