As contas públicas do governo Lula fecharam o mês de maio no vermelho: um déficit primário de R$ 40,6 bilhões, segundo dados divulgados pelo Tesouro Nacional. A notícia preocupa, mas surpreendeu positivamente o mercado, já que a expectativa era de um rombo ainda maior, algo em torno de R$ 62,2 bilhões, segundo o levantamento Prisma Fiscal, do próprio Ministério da Fazenda.

Na prática, o que aconteceu foi que o governo gastou mais do que arrecadou, especialmente com benefícios sociais, folha de pagamento e serviços públicos. Mas houve também aumento na arrecadação, puxado principalmente pelo Imposto de Renda retido na fonte e por uma alta de 8,1% nas contribuições para a Previdência Social.

Do lado das despesas, houve uma contenção importante. Os gastos com saúde e educação foram cortados em R$ 9,5 bilhões, e os benefícios previdenciários encolheram R$ 3,9 bilhões em relação ao ano passado. Além disso, uma diferença no cronograma de pagamento dos precatórios ajudou a melhorar o cenário. Em 2025, os pagamentos estão sendo feitos de forma mais espaçada, o que reduziu R$ 31,3 bilhões nas despesas até maio.

Apesar do alívio momentâneo nos números, a pressão para equilibrar as contas continua. O governo tentou aumentar a arrecadação com um decreto que mudava as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), mas foi barrado pelo Congresso. A derrota deixou um buraco ainda maior no planejamento financeiro.

A ministra das Relações Institucionais não escondeu a frustração. Ela afirmou que, sem a arrecadação extra do IOF, o governo pode ter que bloquear ainda mais recursos, subindo o contingenciamento de R$ 31 bilhões para R$ 41 bilhões. Isso coloca em risco programas importantes como Auxílio Gás, Minha Casa Minha Vida, Pé de Meia e outros projetos sociais.

A reação do PT foi direta: acusaram o Congresso de sabotar os esforços por justiça tributária e proteger os mais ricos. O líder do partido na Câmara usou as redes sociais para criticar a decisão: “Queremos que os ricos paguem a conta!”, escreveu.

O cenário é de tensão. De um lado, um governo tentando manter programas sociais e segurar a arrecadação. Do outro, um Congresso que barra medidas impopulares com o eleitorado e impõe limites ao que o Planalto pode fazer. O rombo de maio mostra que o equilíbrio fiscal está longe de ser alcançado, e que o clima entre governo e Parlamento continua turbulento.

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