No Rio de Janeiro, a proibição do uso de celulares nas escolas, implementada no início de 2024, tem apresentado resultados notáveis no desempenho escolar e na socialização dos alunos. A medida, que se antecipou à legislação federal que estendeu a restrição a todo o país, transformou o ambiente escolar, impactando positivamente tanto o aprendizado quanto as interações sociais.

Alunos como Priscila Henriques Lopes da Silva e Sophia Magalhaes de Lima, ambas com 14 anos, relatam uma mudança significativa em seus hábitos. Priscila reconhece o celular como um vício, enquanto Sophia afirma que a ausência do aparelho não a impede de se divertir. Enzo Sabino Silva Cascardo, de 15 anos, recorda que as aulas eram frequentemente desperdiçadas com jogos e redes sociais, cenário que mudou drasticamente com a proibição.

Segundo dados da prefeitura, o desempenho dos alunos do ensino fundamental apresentou um avanço de 25,7% em matemática e 13,5% em português em 2024. Os números foram analisados por um pesquisador da Universidade de Stanford, que aplicou métodos estatísticos para isolar o impacto da proibição do celular de outros fatores. Mais de 900 diretores, representando 90% da rede escolar, também foram consultados.

O secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, destaca que o progresso em matemática equivale a um bimestre adicional de aprendizado no mesmo período. Ele também observa que o impacto da proibição foi progressivo, com ganhos maiores a cada bimestre.

Tauana Vitória Vidal Fonseca, de 15 anos, é um exemplo do impacto positivo da medida. Ela conta que suas notas, especialmente em matemática, melhoraram significativamente após a proibição do celular, admitindo que passava o tempo todo no aparelho durante as aulas.

A diretora do Ginásio Educacional Olímpico (GEO) Reverendo Martin Luther King, Joana Posidônio Rosa, enfrentou resistência inicial à medida, mas ressalta a importância do apoio das famílias para o sucesso da iniciativa. O professor de história Aluísio Barreto da Silva observa que o apego excessivo ao celular era uma herança da pandemia, quando o ensino remoto e a socialização online se tornaram predominantes. Ele relata que, em poucas semanas, a “desintoxicação” digital produziu resultados visíveis, restaurando seu papel como principal fonte de informação na sala de aula.

Atualmente, a maioria dos alunos do GEO Reverendo Martin Luther King sequer leva o celular para a escola. A proibição também se estende aos treinos esportivos, contribuindo para o aumento do tempo sem tela. Sophia Magalhães de Lima, agora campeã estadual de xadrez, credita sua maior concentração à ausência do celular. Ana Julia da Silva, de 14 anos, relata uma melhora em seu comportamento, aprendendo com um incidente envolvendo o uso indevido do celular para filmar colegas.

Para o secretário municipal de Educação, a escola deve ser um espaço de aprendizagem e socialização, e a proibição do celular contribui para um ambiente mais acolhedor, com redução do bullying e cyberbullying. Ele defende a restrição do uso de redes sociais para maiores de 16 anos, considerando-a o próximo passo para lidar com os desafios da tecnologia.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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