Um levantamento realizado pela Oficina Brasil revelou que a falta de profissionais qualificados já afeta diretamente um terço das oficinas mecânicas no país, tornando-se o maior desafio do setor em 2025. O problema, quase quatro vezes superior ao segundo principal obstáculo, tem gerado sobrecarga nas equipes e riscos à qualidade dos serviços prestados.
Principais dificuldades enfrentadas pelas oficinas
De acordo com o estudo, 33% dos empresários apontam a escassez de mão de obra como a questão mais crítica. Na sequência, aparecem a exigência crescente dos clientes (8,3%), os atrasos na entrega de peças (7,4%) e a dificuldade em atrair novos consumidores (7,1%).
Outros problemas também foram citados, como falta de peças (6%), custos elevados (5,4%) e qualidade dos insumos (4%).
O cenário é ainda mais desafiador porque a demanda por serviços aumentou: hoje, as oficinas atendem em média 123 veículos por mês, um crescimento de 52,5% em comparação a 2020.
Digitalização e novas formas de consumo
A pesquisa também mostrou mudanças no processo de compra de peças. Atualmente, 72,3% das aquisições são feitas por canais digitais, como WhatsApp e telefone, enquanto apenas 7% ainda ocorrem presencialmente no balcão.
Outro dado relevante é que os próprios reparadores realizam 56,8% das compras, reduzindo a dependência dos donos de oficinas nesse processo.
O setor movimenta mensalmente cerca de R$ 67,6 mil em peças, com tíquete médio de R$ 550 por serviço, evidenciando a força econômica das oficinas dentro do mercado automotivo.
Crescimento da participação feminina nas oficinas
Um dos pontos positivos apontados pelo levantamento é o avanço da presença feminina no setor. Desde 2019, houve um aumento de 230% no número de mulheres reparadoras, que hoje já representam 16,5% da força de trabalho.
Entre as mais jovens, os números impressionam: 43% têm até 24 anos e 37% até 29 anos. Além disso, 68% delas já ocupam cargos de gestão, mostrando que a mudança não é apenas na quantidade, mas também na liderança e influência dentro das oficinas.
Perspectivas para o futuro do setor
Os dados indicam que a escassez de mão de obra qualificada continuará sendo o maior desafio nos próximos anos. No entanto, a digitalização das operações e o aumento da diversidade podem abrir espaço para novas oportunidades.
A aposta está na formação e qualificação de profissionais, já que a demanda por serviços mecânicos segue em alta e o setor vive um momento de transformação no perfil de seus trabalhadores.
Com oficinas mais digitais, diversificadas e em busca de talentos, o setor automotivo brasileiro se encontra diante de um cenário de desafios, mas também de forte potencial de crescimento.