O café, bebida indispensável para milhões de brasileiros, deve pesar ainda mais no bolso. A diretora-executiva da Organização Internacional do Café (OIC), Vanúsia Nogueira, alertou que uma combinação de fatores criou uma “tempestade perfeita” para o setor: tarifas impostas pelos Estados Unidos, quebra de safra no Brasil e eventos climáticos extremos.

Tarifas americanas aumentam a pressão

O governo dos Estados Unidos, sob Donald Trump, estabeleceu tarifas que variam de 10% a 50% sobre o café importado. A medida coloca o produto brasileiro e de outros grandes exportadores em desvantagem competitiva, encarecendo as vendas para um dos principais mercados consumidores do mundo.

Para especialistas, o chamado “tarifaço” amplia as incertezas no comércio internacional e pode levar produtores a redirecionarem parte da oferta para outros países, o que reduz a disponibilidade global e sustenta a alta dos preços.

Safra brasileira menor que o esperado

O Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, enfrenta uma colheita abaixo das expectativas. Problemas climáticos reduziram o peso dos grãos, afetando diretamente o volume de oferta no mercado.

Esse cenário se soma a anos seguidos de déficits de produção, o que contribui para estoques mais baixos em escala mundial.

Estoques em queda e consumo em alta

Enquanto a oferta encolhe, a demanda por café segue em crescimento. Segundo Vanúsia Nogueira, o consumidor não abre mão da bebida, mesmo diante da escalada de preços.

O consumidor vai pagar, o consumidor quer café”, afirmou a diretora da OIC, destacando que a equação entre consumo aquecido e estoques reduzidos leva inevitavelmente ao aumento do preço final.

Clima instável aumenta a incerteza

Outro ponto de preocupação é a instabilidade climática. Chuvas intensas, secas prolongadas e ondas de calor têm se repetido nos últimos anos, afetando diretamente a produtividade das lavouras brasileiras.

Para a especialista, não há previsão de quando a produção do País voltará à normalidade. “Estamos enfrentando eventos climáticos muito fortes todos os anos”, reforçou, destacando que o clima é hoje o maior desafio para equilibrar oferta e demanda.

Impactos diretos no bolso do consumidor

A combinação de tarifas externas, quebra de safra e crise climática cria um ambiente de preços mais altos que já se reflete nas negociações internacionais e, em breve, chegará de forma mais intensa às prateleiras brasileiras.

Com a demanda global em alta e um cenário de incertezas sobre a produção, analistas acreditam que o café deve permanecer em patamar elevado, reforçando a previsão da OIC: o consumidor será o principal impactado pela crise atual do setor cafeeiro.

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