O café, uma das bebidas mais queridas do Brasil, sofreu um forte impacto no consumo em abril deste ano. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), a queda chegou a quase 16% em comparação ao mesmo período de 2024. A principal razão: a alta expressiva nos preços, que colocou o grão entre os produtos com maior inflação das últimas três décadas.

No acumulado dos primeiros quatro meses do ano, as vendas somaram 4,7 milhões de sacas de 60 quilos, o que representa uma redução de 5% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior. O varejo, que responde por até 78% do consumo interno, foi o mais afetado pela retração.

Altas que assustam o bolso

Os diferentes tipos de café registraram aumentos significativos. O solúvel liderou com uma alta de 85%, seguido pelo gourmet (56%), tradicional e extraforte (50%), especial (42,3%) e superior (29%). Essa disparada tem afastado consumidores e mudado hábitos até entre os mais fiéis ao cafezinho diário.

Entenda o que elevou os preços

O aumento dos preços é reflexo de uma série de fatores que vêm pressionando a produção e a comercialização do café. Um dos principais vilões é o clima. Seca prolongada, ondas de calor e geadas afetaram a lavoura nos últimos anos, prejudicando a formação dos grãos. O estresse nas plantas fez com que elas interrompessem o ciclo natural de frutificação.

Além disso, o custo da matéria-prima mais que triplicou desde 2020. Enquanto os produtores amargam uma escalada de 224% nos gastos, os consumidores sentiram um aumento de 110% no valor final da bebida.

Fatores globais também pesaram

A oferta internacional também sofreu impacto. Países produtores, como o Vietnã, enfrentaram perdas expressivas com problemas climáticos, reduzindo o volume disponível no mercado global. Ao mesmo tempo, conflitos no Oriente Médio encareceram o transporte marítimo, elevando os custos logísticos e dificultando a exportação.

Paralelamente, a demanda por café segue alta. No Brasil e no mundo, a bebida só perde em popularidade para a água. Com o mercado internacional em expansão, parte da produção nacional tem sido direcionada para o exterior, reduzindo a oferta interna e pressionando ainda mais os preços.

Impacto direto no dia a dia

Com os preços nas alturas, muitos brasileiros estão repensando o consumo. Restaurantes, padarias e até famílias têm buscado alternativas mais baratas ou reduzido a frequência com que preparam a bebida. Enquanto isso, o setor produtivo tenta se equilibrar entre os custos elevados e a necessidade de manter as vendas.

O cenário deixa claro que o cafezinho, um símbolo da cultura brasileira, está passando por um momento de transição. E a expectativa é que os próximos meses continuem exigindo adaptações tanto dos consumidores quanto da indústria.

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