O que começou como um mercado de bonecos hiper-realistas com cara de recém-nascido agora ganhou uma nova versão ainda mais inusitada: as “crianças reborn”, também chamadas de toddlers, estão surgindo em lojas do Rio Grande do Sul com direito a até 1 metro de altura, penteados estilosos e até seu próprio bebê reborn como acessório.

Apesar da aparência de brinquedo, essas bonecas são tratadas com todo cuidado artesanal. A ideia é criar uma criança com aparência real, que muitas vezes usa óculos, roupas de praia, tênis da moda e até carrega brinquedos, como se fosse mesmo uma criança pronta para sair andando pela casa.

Segundo Claudia Maccagnan, artesã com mais de 15 anos de experiência no ramo e conhecida como “cegonha reborn” em Caxias do Sul, a procura ainda é baixa, mas quem compra leva a sério. “Essas maiores geralmente são para colecionadoras. Elas têm tamanhos variados, de 46 cm a 1,10 m. Eu mesma fiz uma pra mim com 75 cm”, conta.

Os preços acompanham o nível de detalhe: partem de R$ 1.500 e podem chegar a R$ 5.000, dependendo dos acessórios e realismo. Mas engana-se quem acha que são versões “crescidas” dos bebês reborn. A fabricante Priscila Silveira explica que o público busca essas bonecas não como evolução do bebê, mas por terem cabelo e permitir brincadeiras como pentear e vestir.

“Não é a bebê ‘crescendo’”, esclarece Priscila. “É para quem quer algo maior, mais parecido com uma criança mesmo. Ficam no quarto como enfeite ou são usadas por crianças que gostam de brincar de fazer penteados.”

O crescimento desse universo reborn veio junto com muita polêmica nas redes sociais. Encontros de “mães reborn” em parques públicos, vídeos simulando partos de bonecas e até tentativas de usar os reborns para furar filas em serviços públicos geraram debate e reações fortes.

Em abril, um grupo de mulheres se reuniu no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, para apresentar seus bebês reborn. O encontro viralizou junto com o vídeo da influenciadora Sweet Carol, publicado em 2022, onde ela simula um parto de uma dessas bonecas.

Com a repercussão, políticos também entraram em cena. No início de maio, vereadores do Rio aprovaram o Dia da Cegonha Reborn. Poucos dias depois, um deputado federal apresentou um projeto de lei que propõe multas acima de R$ 30 mil para quem tentar burlar regras usando bebês reborn como se fossem crianças reais. Na mesma data, a Prefeitura de Curitiba divulgou um aviso direto: mães de bebês reborn não têm direito a prioridade.

Enquanto isso, nas prateleiras e nas redes, a tendência continua viva. Entre colecionadoras apaixonadas e críticas sobre o limite entre realidade e ficção, as “crianças reborn” estão se tornando um fenômeno curioso, polêmico e cada vez mais detalhado. E se depender da criatividade das “cegonhas reborn”, o próximo passo ainda pode surpreender.

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