O tarifaço imposto pelos Estados Unidos às exportações brasileiras completou um mês no último sábado (6). As tentativas de negociação, a defesa da soberania nacional e as medidas de apoio às empresas brasileiras marcaram o cenário econômico e diplomático nesse período.
Em julho, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anunciando a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras para os Estados Unidos. Trump justificava a medida com base no déficit comercial dos EUA e no tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
O governo brasileiro respondeu, contestando as alegações de Trump e apontando que o Brasil acumula um déficit comercial de quase US$ 410 bilhões com os Estados Unidos nos últimos 15 anos.
Apesar das negociações, Trump confirmou a adoção das medidas de retaliação em 30 de julho, estipulando o tarifaço a partir de 6 de agosto. No entanto, cerca de 700 produtos foram incluídos em uma lista de exceções, como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis.
Os produtos da lista de exceção representam 44,6% das exportações brasileiras para os Estados Unidos e continuaram a pagar uma tarifa de até 10%. O tarifaço “cheio” incide sobre 35,9% das exportações brasileiras, enquanto 19,5% das vendas estão sujeitas a tarifas específicas, como autopeças e automóveis.
O governo e empresários brasileiros continuaram as negociações com os americanos, mesmo após a concretização do tarifaço. O presidente Lula também rebateu as acusações de Trump, defendendo a soberania nacional.
O Brasil acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o tarifaço e iniciou uma ação para aplicar a Lei da Reciprocidade Econômica.
O estado do Ceará, com maior predominância dos Estados Unidos como destino de exportações, decretou situação de emergência. O governo federal lançou o Plano Brasil Soberano, com linhas de crédito que somam R$ 30 bilhões, para ajudar o setor produtivo brasileiro a enfrentar os efeitos do tarifaço.
Em agosto, as exportações brasileiras para os EUA caíram 18,5% em comparação com agosto de 2024. No entanto, as exportações brasileiras para todos os países cresceram 3,9%, e a balança comercial ficou com saldo positivo de US$ 6,1 bilhões.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br