O Brasil vive uma mudança importante em sua matriz energética. Em 2024, os financiamentos voltados para a energia solar dispararam, enquanto a energia eólica, que vinha sendo destaque nos últimos anos, registrou queda nos aportes. Essa reconfiguração mostra como a transição energética no país está sendo moldada pela busca por sustentabilidade, economia e diversificação de fontes.
Solar em alta: crescimento expressivo em 2024
Segundo dados do setor, os financiamentos para projetos de energia renovável chegaram a R$ 32,5 bilhões em 2024, com destaque para a energia solar, que cresceu 30% em relação ao ano anterior.
O avanço foi puxado principalmente pela geração distribuída, com painéis instalados em casas, comércios e indústrias. Esse modelo permite que consumidores produzam a própria energia e reduzam a dependência da rede elétrica tradicional.
Já a energia eólica centralizada registrou retração de quase 30%, totalizando R$ 8,7 bilhões em investimentos. O recuo se deve, em parte, à redução dos aportes de bancos de desenvolvimento como BNDES e BNB.
Por que a energia solar cresce mais que a eólica
A flexibilidade da energia solar é um dos pontos-chave do seu sucesso. Enquanto a eólica depende de grandes parques eólicos e investimentos robustos, a solar pode ser aplicada em diferentes escalas, desde pequenos sistemas residenciais até grandes usinas.
Além disso, o custo dos equipamentos caiu nos últimos anos, tornando módulos e inversores mais acessíveis. A eficiência também aumentou, ampliando o retorno sobre o investimento e atraindo cada vez mais consumidores e empresas.
Outro fator determinante foi a diversificação das fontes de financiamento. O mercado de capitais ganhou protagonismo em 2024, respondendo por 43% dos financiamentos, enquanto bancos de desenvolvimento tiveram participação menor.
Geração distribuída e modelos inovadores
A geração distribuída cresceu 47% em 2024, alcançando R$ 6,9 bilhões em desembolsos. Já os modelos de geração compartilhada e autoconsumo remoto, que permitem a compra de créditos de usinas solares sem a necessidade de instalar painéis no próprio imóvel, somaram R$ 5,6 bilhões.
Esse modelo amplia o acesso à energia solar, democratizando o consumo de energia limpa no Brasil e possibilitando que famílias e empresas economizem na conta de luz sem precisar investir em infraestrutura própria.
Impacto econômico e ambiental
Além de reduzir custos e a dependência de combustíveis fósseis, o avanço da energia solar gera empregos em toda a cadeia produtiva: desde a fabricação de módulos até a instalação e manutenção dos sistemas.
A adoção da tecnologia também contribui para as metas globais de redução de emissões de carbono, fortalecendo o papel do Brasil como referência em energias renováveis na América Latina.
O futuro da matriz energética brasileira
As perspectivas indicam que a energia solar deve continuar ganhando espaço, apoiada em tecnologia acessível, mercado de capitais e consciência ambiental. A tendência é que, nos próximos anos, a geração distribuída e os modelos de consumo compartilhado se consolidem como pilares da expansão do setor.
Enquanto isso, a energia eólica, embora ainda estratégica, pode enfrentar desafios maiores devido à sua dependência de grandes financiamentos e políticas públicas específicas.
O que está claro é que o Brasil vive um novo ciclo energético, no qual a energia solar deixou de ser apenas uma alternativa e se tornou um setor estratégico para o futuro do país.