Um levantamento realizado em 2025 pela SalaryFits em parceria com a Serasa Experian revelou que 54% dos trabalhadores brasileiros não conseguem manter o salário até o fim do mês. O dado evidencia a dificuldade da população em lidar com o alto custo de vida e a instabilidade financeira.
Apesar de elevado, o número representa melhora em relação a 2024, quando 62% estavam nessa situação. Mesmo assim, a fragilidade econômica ainda é preocupante, já que apenas 25% dos entrevistados conseguiriam arcar com uma despesa inesperada de R$ 10 mil.
O impacto direto no bolso das famílias
A dificuldade em estender o salário até o fim do mês tem consequências claras: menor capacidade de formar reserva de emergência, maior risco de inadimplência e acúmulo de dívidas. Segundo a pesquisa, 66% dos trabalhadores já enfrentaram problemas financeiros nos últimos cinco anos e 17% ainda convivem com dívidas.
Os efeitos também atingem a saúde mental: 43% relatam irritabilidade e 39% sofrem com insônia relacionada a preocupações financeiras.
Como os brasileiros estão tentando fechar as contas
Para contornar a situação, quase metade dos entrevistados busca renda extra, seja por meio de trabalhos freelancers ou apoio familiar. Outros recorrem ao cartão de crédito, cheque especial e empréstimos pessoais, alternativas que, embora comuns, podem agravar o endividamento.
Segundo o estudo, os principais destinos do orçamento são alimentação, contas básicas (água, luz, gás) e dívidas já existentes. Só depois vêm os gastos com consumo e educação.
Diferenças entre gerações
O levantamento mostra ainda que cada geração lida de forma distinta com o dinheiro:
- Geração Z (1990–2010): destina parte da renda ao lazer (13%) e utiliza intensamente o cartão de crédito (17%).
- Millennials (1981–1996): concentram gastos em alimentação e pagamento de dívidas.
- Geração X (1960–1980): também foca na quitação de dívidas e depende com frequência do cartão de crédito.
Esses padrões revelam que, independentemente da idade, o desafio de estender o salário é uma realidade para boa parte da população.
Possíveis caminhos para reduzir o endividamento
Especialistas defendem que ampliar o acesso ao crédito em condições mais justas, como o consignado, pode ajudar trabalhadores a evitar dívidas impagáveis. Além disso, programas de educação financeira são vistos como fundamentais para melhorar a gestão do orçamento doméstico.
De acordo com Délber Lage, CEO da SalaryFits, embora a pesquisa aponte melhora em relação ao ano anterior, o custo de vida ainda supera a renda de milhões de brasileiros. Para ele, a solução passa tanto por políticas públicas que ajustem salários ao padrão de consumo quanto por estratégias individuais de organização financeira.
A realidade mostra que, mesmo com avanços, metade da população segue sem conseguir chegar ao fim do mês com o salário disponível. O desafio, agora, é encontrar medidas que aliviem o peso das contas e ofereçam mais segurança financeira às famílias brasileiras.