A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou que está fora do Brasil e vai pedir licença do mandato parlamentar, poucos dias após ser condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A sentença foi motivada pelo envolvimento dela na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Em uma transmissão no YouTube, Zambelli contou que já deixou o país há alguns dias, alegando que viajou para continuar um tratamento médico. Ela não informou seu destino, mas adiantou que está na Europa. Disse ainda que agora vai formalizar o pedido de afastamento do cargo. “A princípio vim buscar tratamento médico que já fazia aqui. Agora, vou pedir para que eu possa me afastar do cargo”, afirmou.

A defesa da deputada afirmou que não sabe seu paradeiro exato, mas confirma que ela está no continente europeu. Durante a live, Zambelli citou o exemplo de Eduardo Bolsonaro, que também se licenciou após viajar para fora do país: “Tem essa possibilidade da Constituição. Acho que as pessoas conhecem um pouco mais essa possibilidade hoje em dia”, disse, sem entrar em detalhes.

A movimentação levanta dúvidas sobre o comprometimento da parlamentar em cumprir a pena determinada pelo STF. Apesar de estar oficialmente afastada por motivo de saúde, o momento da viagem e o silêncio sobre seu paradeiro exato geram questionamentos políticos e jurídicos.

A situação de Zambelli é delicada: na decisão do último dia 18 de maio, a 1ª Turma do STF determinou a perda automática do mandato da deputada. Mas para isso valer, ainda é preciso uma validação da Câmara dos Deputados, que analisa se essa atribuição cabe à Mesa Diretora ou ao plenário completo.

Mesmo com a repercussão negativa, Zambelli ainda conta com apoio dentro da bancada do PL, que prometeu acolhê-la nesse novo capítulo da crise política. Internamente, no entanto, há desgaste. Até Jair Bolsonaro teria manifestado críticas a ela, atribuindo parte do fracasso eleitoral de 2022 às suas ações.

A deputada, que sempre teve forte presença nas redes e nos embates políticos, agora vira personagem central de um embate jurídico e institucional que promete se estender com ela, por enquanto, longe do país e fora do plenário.

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