Um novo levantamento global jogou luz sobre um problema que o Brasil já conhece bem, mas insiste em ignorar: a falta de investimento em educação está cobrando um preço alto. Segundo o ranking 2025 do CWUR (Centro para Rankings Universitários Mundiais), 46 das 53 universidades brasileiras listadas caíram de posição.

O resultado não veio por acaso. De acordo com a organização, o desempenho das universidades do Brasil despencou justamente nos critérios que mais importam: qualidade do ensino, empregabilidade dos alunos, qualidade do corpo docente e produção científica. E tudo isso tem uma origem clara: apoio financeiro insuficiente do governo.

A edição mais recente do ranking analisou mais de 21 mil universidades de 94 países, com base em 74 milhões de dados. As 2 mil melhores entraram na chamada Lista Global 2000. Dentro desse universo, o Brasil ainda aparece, mas em situação preocupante.

A Universidade de São Paulo (USP) continua sendo a melhor colocada entre as brasileiras, mas caiu do 117º para o 118º lugar no ranking global. Outras instituições importantes, como a Universidade Federal de Minas Gerais, a Unesp, a UFRGS e a UFRJ, também enfrentaram oscilações. Só sete universidades brasileiras conseguiram melhorar suas posições em relação ao ano anterior.

A UFRJ foi um desses raros casos positivos, subindo para o 331º lugar. Já a Unicamp ficou em 369º e a Unesp despencou para a 454ª posição. A UFRGS, que no ano passado estava em 464º, caiu para o 476º lugar. A Fundação Oswaldo Cruz, referência em ciência, também sofreu queda.

Segundo o presidente do CWUR, Dr. Nadim Mahassen, a situação é crítica: “O Brasil está bem representado entre as melhores do mundo. No entanto, o que é alarmante é a queda constante das instituições, causada por desempenho fraco em pesquisa e falta de apoio financeiro do governo.”

Enquanto isso, outros países seguem investindo pesado em educação e ciência, tornando-se ainda mais competitivos. “Sem planejamento estratégico, o Brasil corre o risco de ficar cada vez mais para trás”, alerta Mahassen.

No topo do ranking global, o domínio segue com as universidades dos Estados Unidos, que ocupam as três primeiras posições: Harvard, MIT e Stanford. O Reino Unido aparece logo em seguida, com Cambridge e Oxford no quarto e quinto lugares, respectivamente.

Mas tem uma virada curiosa nesse cenário: a China ultrapassou os EUA em número de universidades na lista das 2 mil melhores. São 346 instituições chinesas, contra 319 americanas. Isso mostra como o investimento contínuo em educação pode mudar o jogo em pouco tempo.

O CWUR considera quatro critérios principais: educação (25%), empregabilidade (25%), corpo docente (10%) e pesquisa (40%). O peso da ciência é grande, e é justamente aí que o Brasil vem falhando — por falta de incentivo.

A mensagem do ranking é clara e direta: se o Brasil não mudar a rota e começar a tratar educação e ciência como prioridade real, o futuro será ainda mais desfavorável. O país já tem profissionais e instituições com potencial, mas sem investimento, fica difícil competir num mundo cada vez mais exigente e conectado.

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