Com a vida cada vez mais conectada, os bens que acumulamos não se limitam mais a imóveis, carros ou contas bancárias. Hoje, fotos, senhas, documentos importantes, perfis em redes sociais, criptomoedas e até NFTs fazem parte do patrimônio de muita gente. E aí surge uma dúvida importante: o que acontece com tudo isso quando a pessoa morre?

É aí que entra o testamento digital, uma ferramenta cada vez mais comum no planejamento sucessório. Ele serve para determinar o destino dos ativos digitais, seja como documento independente ou como um complemento ao testamento tradicional.

Segundo a advogada e professora Amacilene Brito Alcantara, da Faculdade Pitágoras, esse tipo de testamento está ganhando espaço no Judiciário porque evita disputas entre herdeiros, impede a perda de bens virtuais valiosos e facilita o acesso a contas e arquivos protegidos por senha.

O que é o testamento digital?

É um documento formal em que a pessoa especifica como seus bens digitais devem ser gerenciados após sua morte. Isso inclui:

  • Senhas de e-mails, redes sociais, bancos, arquivos e outras contas online
  • Nomeação de uma pessoa de confiança para administrar esses dados
  • Instruções sobre o que deve ser excluído, transferido ou mantido ativo
  • Destino de ativos como criptomoedas e NFTs

O testamento digital pode ser feito em vida, com ajuda profissional, e guardado junto ao testamento tradicional para garantir validade legal.

Por que ele é tão importante?

Imagine um herdeiro tentando acessar uma conta bancária digital sem a senha ou lidando com plataformas como Google, Facebook ou WhatsApp, que têm políticas próprias sobre perfis de falecidos. Sem um testamento digital, tudo isso pode virar um quebra-cabeça ou ser perdido para sempre.

O mesmo vale para investimentos digitais. Se o dono de criptomoedas ou NFTs morrer sem deixar instruções claras, os ativos podem se tornar inacessíveis. E como esses bens não estão registrados em nome de uma instituição tradicional, sem as chaves de acesso, não há como recuperá-los.

Como fazer um testamento digital?

O primeiro passo é reunir todas as informações relevantes: logins, senhas, números de conta, localização de arquivos importantes e o que você deseja que seja feito com cada item. Esse conteúdo deve estar organizado, atualizado e fácil de ser encontrado por quem for designado para cuidar disso.

O ideal é procurar um advogado especializado, que possa redigir o testamento dentro da legislação vigente, e garantir que ele tenha força jurídica junto com o testamento tradicional. O objetivo é evitar confusões e garantir que sua vontade seja respeitada, mesmo no universo digital.

O futuro está online e a herança também

A era digital trouxe novas formas de se relacionar, trabalhar, guardar lembranças e até investir. E tudo isso também precisa ser planejado com responsabilidade. O testamento digital é um passo essencial para garantir que sua história, seus dados e seus bens online tenham o destino que você escolheu.

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