O nome de Silvio Santos voltou ao centro das atenções nesta semana por um motivo delicado e surpreendente: três pessoas entraram na Justiça pedindo reconhecimento como seus netos biológicos. A ação, que está em tramitação na Justiça de São Paulo desde março de 2025, pode resultar na exumação do corpo do apresentador para a realização de exames de DNA, caso os testes com descendentes vivos não sejam suficientes ou conclusivos.

Quem são os requerentes?

Os autores da ação são Hugo Sérgio Marques Júnior, Guilherme Marques e Gésica Marques, filhos de Hugo Sérgio Marques, que nos anos 1990 também buscou na Justiça o reconhecimento como filho de Silvio Santos. Segundo os documentos do processo, Hugo Sérgio teria nascido de um suposto relacionamento entre o apresentador e uma mulher com quem ele se envolveu na década de 1950, antes da fama.

O pai dos requerentes faleceu em 2015, sem conseguir avançar no processo de reconhecimento de paternidade. Agora, os filhos tentam reabrir a causa com base em novas provas e no direito à herança.

Possíveis impactos na herança

Se for reconhecido o vínculo biológico, os três netos passariam a ter direitos hereditários, o que pode impactar diretamente a divisão do patrimônio deixado por Silvio Santos, hoje estimado em bilhões. Atualmente, a herança está destinada às seis filhas do apresentador e à viúva Íris Abravanel.

Ainda que os detalhes corram sob segredo de Justiça, fontes próximas ao processo indicam que a possibilidade de exumação do corpo é real, caso os testes com as filhas e netos atuais não gerem resultados confiáveis para comprovar ou descartar o vínculo genético.

Relembre o caso anterior

A tentativa de reconhecimento da paternidade por Hugo Sérgio Marques remonta a 1995, quando ele buscou na Justiça comprovar ser filho de Silvio Santos. O processo, porém, não teve avanços concretos e foi marcado por controvérsias, inclusive envolvendo a conduta de um desembargador, que mais tarde foi afastado por suspeita de corrupção em 2013.

A nova ação também questiona pontos daquele julgamento e tenta retomar a linha de investigação que havia sido interrompida.

E a família Abravanel?

A família Abravanel, até o momento, não se manifestou oficialmente sobre o caso. Fontes afirmam que os advogados do espólio já estão preparando uma defesa para contestar o pedido judicial. Como o processo tramita sob sigilo, não há previsão de audiência ou de decisão judicial no curto prazo.

Caso o juízo entenda que há elementos suficientes para autorizar o exame genético, inclusive com exumação, o caso pode se tornar um dos mais emblemáticos da história recente envolvendo disputas de herança e reconhecimento familiar póstumo.

Especialistas em direito sucessório afirmam que, se autorizado, esse caso pode abrir precedentes para outras disputas familiares similares, especialmente em contextos de grandes patrimônios e relações antigas não formalizadas.

A possibilidade de exumação, embora rara, é prevista em lei, desde que seja o último recurso para obtenção da verdade biológica. “A Justiça deve agir com cautela, mas sempre priorizando o direito à identidade e ao reconhecimento familiar”, explica um jurista ouvido pela reportagem.

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