O salário mínimo em 2025 passou a ser de R$ 1.518, o que representa um reajuste de R$ 106 em relação ao valor anterior, que era de R$ 1.412. O novo valor entrou em vigor no dia 1º de janeiro, mesmo que o orçamento federal só tenha sido sancionado em abril. Os trabalhadores começaram a receber o novo piso já em fevereiro.
Esse valor é referência para milhões de brasileiros. Ele não serve apenas como base para quem está empregado com carteira assinada. Também impacta aposentadorias, pensões, benefícios como o Bolsa Família e salários de servidores públicos.
Mas o que realmente importa para muita gente é o que sobra no bolso depois dos descontos. Para quem recebe um salário mínimo, o desconto padrão é de R$ 113,85, o que deixa o pagamento líquido em R$ 1.404,15, considerando apenas os descontos obrigatórios. Já quem ganha dois salários mínimos, tem R$ 257,73 descontados, e o valor final fica em R$ 2.778,27.
Esses descontos obrigatórios incluem INSS (até 14%) e Imposto de Renda (até 27,5%), dependendo da faixa de renda. Vale lembrar que quem ganha até R$ 2.259,20 está isento do IR. Além disso, ainda podem entrar na conta cortes como vale-transporte, plano de saúde, pensão alimentícia, faltas, empréstimos e até adiantamentos quinzenais.
Segundo a lei, esses abatimentos não podem ultrapassar 70% do valor total do salário, como explicou o professor da USP Nelson Mannrich.
O cálculo do novo mínimo segue uma fórmula definida em lei. Leva em conta a inflação acumulada até novembro do ano anterior, medida pelo INPC, e o crescimento do PIB de dois anos antes, esse último com teto de 2,5%. Isso significa que, mesmo com economia estagnada, o mínimo ainda é corrigido pela inflação.
Quem emprega trabalhadores que ganham o mínimo precisa registrar o novo valor no eSocial. O ajuste é feito de forma manual, tanto pelo site quanto pelo aplicativo do sistema. O processo deve ser feito antes do fechamento da folha de pagamento do mês. Se o trabalhador estiver de férias, a atualização deve ser registrada após o retorno.
Quem recebe acima do salário mínimo não entra nesse reajuste automático. O aumento, nesses casos, segue o que estiver previsto no contrato ou convenção coletiva.
Hoje, o Brasil já tem uma previsão de valores futuros para o piso nacional. De acordo com o governo federal, o mínimo deve subir para R$ 1.630 em 2026, R$ 1.724 em 2027, R$ 1.823 em 2028 e R$ 1.925 em 2029. Todos esses números estão no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para os próximos anos.
Mesmo assim, o valor atual ainda está bem longe do que seria considerado suficiente para uma vida digna no país. Segundo o Dieese, o salário mínimo em 2024 representava apenas 20,85% do valor ideal para garantir moradia, alimentação, saúde, transporte e outros direitos básicos para uma família de quatro pessoas. Em 2020, esse percentual era de 23,3%.
O valor considerado ideal pelo Dieese é calculado com base no custo da cesta básica e dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares. A conta inclui todos os gastos essenciais e considera que duas crianças consomem o equivalente a um adulto.
Mesmo com essa diferença gritante, especialistas apontam que elevar o mínimo até esse patamar é inviável no momento. Segundo o economista José Ronaldo Souza Jr., o Brasil ainda não tem produtividade suficiente nem estrutura econômica para bancar esse custo sem gerar informalidade ou pressionar os cofres públicos.
Além disso, como vários benefícios e programas sociais estão atrelados ao salário mínimo, qualquer aumento mais forte pode impactar diretamente as contas do governo e até provocar alta nos juros e na inflação.
Nos estados, alguns têm pisos regionais com valores superiores ao federal. É o caso do Paraná, que tem o salário mínimo mais alto do país, variando entre R$ 1.856,94 e R$ 2.134,88, dependendo da faixa. São Paulo também reajustou seu piso, que passa a ser R$ 1.804 a partir de 1º de julho, sem divisão por categorias.
Outros estados com mínimo regional são Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, este último sem reajuste desde 2019. Cada estado define seus próprios valores, levando em conta o custo de vida e a produtividade local. Ainda assim, se o piso estadual ficar abaixo do nacional, vale o salário mínimo federal.