O nome de Roberval Andrade, conhecido por seus títulos na Fórmula Truck e Copa Truck, agora aparece em manchetes por um motivo bem diferente das pistas. Aos 54 anos, o piloto foi preso pela Polícia Federal nesta quarta-feira (25), acusado de participar de um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e vazamento de informações sigilosas em São Paulo.

Roberval, que atualmente compete pela equipe oficial da Mercedes-Benz na Copa Truck, é suspeito de atuar junto a agentes públicos para favorecer investigados em troca de propina. Um dos pontos mais graves do inquérito envolve a liberação irregular de um helicóptero, supostamente mediada por pagamentos que chegaram a R$ 700 mil.

Além dele, os policiais civis Sérgio Ricardo Ribeiro, conhecido como “Serginho Denarc”, e Marcelo Marques de Souza, o “Marcelo Bombom”, também foram presos. Bombom teria sido o elo entre o piloto e o advogado Anderson dos Santos Domingues, chamado de “DR”, em tratativas ilegais relacionadas à restituição de bens apreendidos.

As conversas interceptadas mostram Bombom dizendo que “estava tudo certo”, bastando o pagamento final para liberar o helicóptero, o que coloca Roberval Andrade diretamente no centro do esquema. A PF afirma que Bombom também articulava junto ao policial Sérgio Ribeiro para burlar procedimentos legais, inclusive tentando evitar o depoimento de investigados.

A operação, batizada de Augusta, apura ainda arquivamentos irregulares de inquéritos, uso de documentos falsos e repasse clandestino de informações protegidas por sigilo. O valor dos bens envolvidos no esquema pode chegar a R$ 12 milhões.

A prisão de Roberval ocorre num desdobramento da Operação Tacitus, deflagrada em dezembro de 2024. Na época, outras sete pessoas foram presas, incluindo um delegado e três policiais civis. Essa operação visava desarticular uma quadrilha suspeita de vender proteção a integrantes do PCC e lavar dinheiro da facção criminosa.

A defesa de Roberval Andrade afirmou que está buscando acesso ao processo para poder se manifestar oficialmente. Enquanto isso, ele permanece preso preventivamente e poderá responder por corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, entre outros crimes.

Da glória nas pistas à prisão por corrupção, a queda de Roberval chama atenção e joga luz sobre mais um capítulo das ligações perigosas entre crime organizado e agentes públicos no Brasil.

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