Os incêndios que atingiram Los Angeles no início de 2025 reacenderam uma velha discussão nos Estados Unidos: por que ainda se constroem tantas casas de madeira em um país que enfrenta desastres naturais com frequência? A resposta está em uma mistura de tradição, economia e até estratégia de vida.

Construir com madeira é uma prática que remonta aos primeiros colonizadores europeus na América do Norte. A madeira, abundante desde aquela época, permitia a construção rápida e eficiente de moradias, muito mais simples do que erguer estruturas de alvenaria. Com o tempo, surgiram técnicas como o log cabin e o timber framing, que tornaram as casas de madeira ainda mais funcionais.

Do ponto de vista econômico, a madeira continua sendo uma escolha imbatível. Os EUA contam com vastas áreas florestais, o que mantém o preço da madeira acessível. Em 2019, por exemplo, cerca de 3 milhões de hectares de florestas foram desmatados, o equivalente a todo o estado de Maryland, garantindo matéria-prima para o setor de construção.

Além disso, o estilo de vida americano, que envolve mudanças frequentes de residência, combina com construções rápidas, personalizáveis e com menor custo. Isso também se reflete nos impostos mais baixos, já que casas de madeira, por custarem menos para construir, costumam ter menor valor de propriedade.

E quando o assunto são os desastres naturais, a madeira mostra seu lado flexível. Apesar de vulnerável ao fogo, esse material se sai melhor do que muitos imaginam em terremotos de baixa intensidade e até tornados fracos, pois oferece flexibilidade estrutural. Muitas dessas casas ainda contam com porões de concreto ou tijolos, que funcionam como abrigos em emergências.

Outra vantagem está na rapidez e no custo dos reparos. Casas de madeira são mais fáceis de consertar do que estruturas de alvenaria. Mas é preciso ficar atento: a madeira exige manutenção constante, especialmente em regiões úmidas, para evitar problemas com cupins, fungos e apodrecimento.

Os tipos de madeira mais usados nas construções variam conforme o clima e a região. Entre os mais comuns estão:

  • Pinho
  • Cedro
  • Carvalho
  • Eucalipto
  • Ipê
  • Douglas Fir

Os recentes incêndios em Los Angeles, segundo especialistas, não podem ser atribuídos unicamente ao uso da madeira, mas sim ao fato de muitas casas terem sido construídas entre as décadas de 1940 e 1960, quando não havia os tratamentos contra fogo disponíveis hoje. Desde 2007, novas técnicas vêm tornando essas construções muito mais seguras.

Apesar dos riscos, a cultura da madeira nas casas americanas continua forte, impulsionada pela rapidez, economia e adaptabilidade. E com os avanços em segurança e sustentabilidade, tudo indica que esse modelo ainda tem muito chão pela frente ou melhor, muita casa para erguer.

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