O relógio do clima está correndo, e rápido. Um novo estudo publicado na última quinta-feira (19) aponta que o planeta tem apenas três anos para evitar um salto crítico no aquecimento global. Se o ritmo atual de poluição continuar, em pouco mais de 36 meses o mundo vai ultrapassar o limite de 1,5°C de aumento na temperatura, fixado como meta no Acordo de Paris.
O alerta veio de uma equipe internacional de cientistas que publicou a pesquisa na revista Earth System Science Data. Segundo o levantamento, a partir deste ano de 2025, restam apenas 130 bilhões de toneladas de CO₂ que podem ser emitidas antes de cruzarmos a linha vermelha. Parece muito? Não é. Hoje, o planeta despeja na atmosfera cerca de 53 bilhões de toneladas de CO₂ por ano, principalmente por causa da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento. Ou seja, em menos de três anos, esse “orçamento de carbono” se esgota.
O estudo também mostra que, mantida essa trajetória, o mundo pode alcançar entre 1,6°C e 1,7°C de aquecimento em apenas nove anos. E cada décimo de grau faz diferença. Segundo os pesquisadores, quanto maior o aquecimento, mais extremos serão os impactos climáticos: secas severas, enchentes, furacões mais potentes, colheitas destruídas e milhões de pessoas expostas a riscos de saúde e segurança.
Para ter uma ideia de como a situação já está fora do normal, em 2024 a média de temperatura global ficou cerca de 1,52°C acima dos níveis pré-industriais. Isso significa que a Terra já flerta perigosamente com o limite de 1,5°C, mesmo que esse patamar só seja considerado oficialmente ultrapassado após várias décadas de médias altas. Mas a tendência não é animadora.
“O que vemos agora já não é mais exceção”, alerta o climatologista Piers Forster, da Universidade de Leeds, na Inglaterra. Ele lembra que a quantidade recorde de gases de efeito estufa jogados na atmosfera faz com que mais e mais pessoas enfrentem eventos climáticos fora de controle.
E não é só o ar que está aquecendo. Os oceanos também estão absorvendo boa parte desse calor extra. De acordo com a cientista Karina Von Schuckmann, da Mercator Ocean International, cerca de 91% do calor gerado pelas emissões está ficando nos oceanos, o que provoca aumento no nível do mar e intensificação de tempestades e furacões.
Os números são claros: desde o ano 1900, o nível médio do mar já subiu 228 milímetros. Só nos últimos cinco anos, o aumento foi de 26 milímetros. Pode parecer pouco, mas é o suficiente para causar inundações mais frequentes e acelerar a erosão em áreas costeiras de todo o mundo.
O professor Joeri Rogelj, do Imperial College London, reforça que a margem de segurança está se esgotando. “Cada pequeno aumento na temperatura conta”, disse ele. O recado é direto: as emissões dos próximos anos vão decidir quando e com que intensidade vamos cruzar o limite de 1,5°C.
O cenário é preocupante, mas ainda é possível mudar a rota. Para isso, o mundo precisa cortar drasticamente as emissões de CO₂ e investir pesado em fontes de energia limpa. O tempo para agir é agora.
Com Informações da Revista Galileu