Aprovado pela Câmara dos Deputados, o projeto que altera pontos importantes da CLT promete colocar o governo federal numa situação delicada no Senado. O texto mexe direto com os sindicatos, o que pressiona o presidente Lula, já que não apoiar a proposta pode parecer uma derrota política, mas apoiar significa bater de frente com as bases sindicais.

O principal ponto de tensão é uma emenda incluída pelo deputado Rodrigo Valadares (União-SE), que obriga os sindicatos a criarem um mecanismo digital de cancelamento da contribuição sindical. O trabalhador poderá pedir a suspensão do desconto direto pelo site do sindicato e, se não houver confirmação em até 10 dias úteis, o sistema cancelará automaticamente.

A medida teve forte apoio na Câmara: 318 votos a favor contra 116, com orientação favorável da oposição e do partido Novo. Apenas o PSol orientou contra. O governo, por sua vez, preferiu não se posicionar, evitando rachar a base.

O relator do projeto, deputado Ossesio Silva (Republicanos-PE), foi contra a emenda. Ele alertou que essas mudanças trazem insegurança jurídica e enfraquecem o equilíbrio nas relações sindicais, sem oferecer contrapartidas claras para os trabalhadores.

Além da questão sindical, o texto também revoga o artigo da CLT que trata dos créditos de invenções criadas por empregados durante o contrato de trabalho, retirando um direito que atualmente garante participação do trabalhador em patentes e soluções desenvolvidas na empresa.

Agora, a matéria segue para o Senado, e a expectativa é de mais tensão. Parlamentares já avaliam que o Palácio do Planalto não terá como orientar a favor nem contra, o que reforça o impasse. Para Lula, qualquer passo pode virar munição: se apoiar o projeto, arrisca perder o apoio dos sindicatos; se se opuser, pode amargar uma derrota em plenário.

O jogo político está armado, e o Senado deve ser palco de mais um embate entre interesses trabalhistas, pressões econômicas e estratégias eleitorais.

Com informações do Portal Metrópoles

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