Ser judeu e viver em Israel é carregar nas costas uma história marcada por perseguições, massacres e a constante ameaça de extermínio. Essa é uma realidade que atravessa gerações e que, segundo o texto, o presidente Lula insiste em ignorar.
Muito antes da criação de Israel, em 1948, os judeus já enfrentavam uma onda interminável de violência. Basta lembrar os pogroms na Europa Oriental entre os séculos XIX e XX. Em Odessa, entre 1821 e 1905, judeus foram mortos e feridos em ataques sucessivos. Na Rússia, entre 1881 e 1884, uma série de massacres se espalhou por dezenas de cidades. As chamadas “Leis de Maio” restringiram a vida dos judeus em vários aspectos, do direito à moradia ao trabalho. Em 1903, o pogrom de Kishinev deixou mais de 40 mortos e centenas de casas destruídas. Białystok, em 1906, foi palco de outro banho de sangue. Entre 1918 e 1920, mais de 35 mil judeus foram assassinados na Guerra Civil Russa, vítimas de vários lados do conflito.
O Holocausto foi o ápice desse ciclo de horror. De 1933 a 1945, o nazismo promoveu o extermínio sistemático de seis milhões de judeus. Não foi um episódio isolado, mas o desfecho de séculos de rejeição e ódio.
Com o fim da Segunda Guerra e o surgimento de Israel, a perseguição mudou de cenário. Agora, a ameaça vinha dos vizinhos árabes. Desde 1948, o país vive sob constante ataque militar e diplomático. Da Crise de Suez, em 1956, à Guerra dos Seis Dias, em 1967, passando pelo ataque surpresa no Yom Kippur, em 1973, Israel tem enfrentado sucessivos desafios à sua existência.
Nos anos 80, a guerra no Líbano. Nas décadas seguintes, as Intifadas palestinas, com atentados que deixaram marcas profundas na sociedade israelense. Enquanto o mundo pedia “moderação”, os israelenses enterravam suas vítimas.
A situação chegou ao limite em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou um dos ataques mais brutais da história recente de Israel, matando cerca de 1.200 civis, muitos de forma cruel: queimados vivos, mutilados, estuprados e sequestrados. Bebês e idosos também foram levados como reféns. Para os israelenses, foi o maior massacre contra judeus desde o Holocausto.
A resposta militar foi devastadora. Gaza sofreu milhares de ataques aéreos. Estima-se que mais de 30 mil pessoas tenham morrido, incluindo civis. Mas, para o autor do texto, é impossível falar do que aconteceu depois sem lembrar o que provocou essa tragédia: o ataque inicial do Hamas, que usa civis como escudos e exibe cadáveres para a imprensa global.
A tensão aumentou ainda mais com o avanço do Irã no desenvolvimento de armas nucleares. Um país que, além de negar o Holocausto, promete “varrer Israel do mapa”. Por isso, Israel decidiu realizar uma operação militar contra instalações nucleares iranianas, alegando legítima defesa.
Enquanto isso, o governo Lula mantém uma postura crítica a Israel, o que não é nenhuma novidade. Segundo o texto, o presidente petista tem um longo histórico de aproximação com líderes autoritários como Ahmadinejad, Gaddafi, Arafat, Chávez, Maduro, os irmãos Castro, Ortega e Putin. Por isso, não surpreendeu a condenação oficial do governo brasileiro ao ataque americano ao Irã.
O autor também critica a hipocrisia de quem questiona o baixo número de mortos em Israel durante os conflitos, como se lamentassem a eficiência dos sistemas de defesa do país. Israel investe pesado na proteção de sua população civil, com bunkers, defesa antiaérea e “quartos seguros” em praticamente todos os edifícios.
No fim, o texto faz um alerta duro: o antissemitismo moderno não precisa mais de estrelas amarelas. Ele se esconde atrás de discursos bonitos, ONGs, editoriais e fóruns internacionais. Para o autor, Israel segue sendo uma democracia imperfeita, mas um milagre histórico, e sua luta diária é, antes de tudo, pelo direito de existir.
Fonte: Ricardo Kertzman/O Antagonista