O clima entre Estados Unidos e Irã atingiu um novo nível de tensão neste domingo (22), depois que os americanos realizaram um ataque aéreo contra três instalações nucleares iranianas. A resposta de Teerã foi direta e carregada de ameaça: “Agora, a guerra começou para nós”, declarou a Guarda Revolucionária do Irã em seu perfil oficial no X.

O ataque, segundo o presidente Donald Trump, foi considerado “muito bem-sucedido”. As forças americanas bombardearam Fordow, Natanz e Isfahan, locais estratégicos do programa nuclear iraniano. Trump foi à sua rede Truth Social para dar detalhes: “Todos os aviões já estão fora do espaço aéreo iraniano. Uma carga completa de BOMBAS foi lançada sobre o principal alvo, Fordow”, escreveu, comemorando o retorno seguro dos aviões.

Essa ação dos EUA é vista como uma escalada direta na guerra iniciada por Israel em 13 de junho. Segundo o próprio Trump, o ataque foi realizado com o conhecimento prévio de Israel. Logo após a operação, Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, conversaram por telefone.

Durante um discurso na Casa Branca, Trump reforçou o tom de ameaça: “Nosso objetivo era destruir a capacidade de enriquecimento nuclear do Irã e acabar com a ameaça representada pelo maior patrocinador estatal do terrorismo do mundo”. Chamando a ofensiva de “um sucesso militar espetacular”, ele ainda deixou um recado: “Se o Irã não fizer a paz, os próximos ataques serão muito maiores — e muito mais fáceis”.

Irã admite danos, mas tenta minimizar

Inicialmente, o governo iraniano tentou negar os estragos. A Guarda Revolucionária chamou as declarações de Trump de “um show midiático” e afirmou que as instalações não haviam sido atingidas. No entanto, horas depois, a própria TV estatal do Irã confirmou a evacuação das três instalações nucleares.

Segundo a agência iraniana Tasnim, um funcionário admitiu que parte da base de Fordow foi atingida, mas minimizou os danos, dizendo que a área já estava evacuada havia dias por precaução.

Um assessor do presidente do Parlamento iraniano foi além na provocação: “O conhecimento não pode ser bombardeado, e o apostador definitivamente perderá desta vez”.

Ameaças de retaliação crescem

A tensão na região aumentou ainda mais quando, durante a cobertura da TV estatal, um comentarista afirmou que “todo civil ou militar americano na região é agora um alvo legítimo”. A declaração elevou o nível de alerta para uma possível resposta militar em breve.

O grupo Houthi, aliado do Irã e atuante no Iêmen, também entrou na discussão. Mohammed al-Bukhaiti, um dos líderes políticos do movimento, disse à Al Jazeera que a resposta ao ataque dos EUA é “apenas uma questão de tempo”. Ele lembrou ainda que o grupo mantinha um cessar-fogo com Washington, mas que o cenário mudou com a nova ofensiva.

Com a retaliação declarada, o Oriente Médio volta a viver um de seus momentos mais delicados, com risco real de uma escalada que pode envolver ainda mais países e forças militares.

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