O Parlamento do Irã deu um passo que pode estremecer a economia mundial: aprovou, neste domingo, 22 de junho, o fechamento do Estreito de Ormuz, em resposta direta aos bombardeios americanos contra suas instalações nucleares. A decisão ainda precisa passar pelo aval do Conselho Supremo de Segurança Nacional e receber a ratificação final do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, mas o sinal de alerta já está aceso.
O motivo da tensão? O estreito é simplesmente uma das rotas mais estratégicas do planeta quando o assunto é petróleo. Cerca de 30% de todo o petróleo transportado pelo mar passa por ali, ligando o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã e ao Mar da Arábia. Um bloqueio pode disparar os preços internacionais da commodity em questão de horas.
A decisão veio na esteira dos ataques ordenados pelo presidente americano Donald Trump, que no sábado destruiu três centros nucleares iranianos, Fordow, Natanz e Isfahan. Desde então, o clima na região só piorou. Agências marítimas já começaram a orientar os navios petroleiros a redobrarem a cautela ao cruzar o estreito.
Historicamente, o Irã já fez ameaças parecidas em outras ocasiões, mas nunca chegou a colocar o bloqueio em prática. Um dos momentos mais tensos foi em 2019, quando Trump decidiu tirar os Estados Unidos do acordo nuclear com Teerã.
O impacto de um fechamento efetivo do Estreito de Ormuz seria gigantesco. A passagem tem apenas 33 quilômetros de largura na sua parte mais estreita, com canais de navegação de apenas 3 quilômetros em cada direção. Por ela passam, todos os dias, entre 17,8 e 20,8 milhões de barris de petróleo, segundo dados da plataforma Vortexa, que monitora o tráfego marítimo global.
Entre os países mais afetados estão Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Iraque e o próprio Irã, todos grandes exportadores da OPEP. O Catar, por exemplo, envia quase todo o seu gás natural liquefeito por esse caminho.
Mesmo com investimentos em rotas alternativas por parte de alguns países, como oleodutos em direção ao Mar Vermelho ou ao Golfo de Omã, a capacidade dessas alternativas ainda é muito limitada. Segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA, os oleodutos disponíveis conseguem transportar, no máximo, 2,6 milhões de barris por dia, volume muito pequeno para cobrir um bloqueio total.
Enquanto isso, a segurança da área segue sob responsabilidade da 5ª Frota da Marinha americana, baseada no Bahrein. Com a escalada da crise entre o Irã e Israel, a tensão em torno de Ormuz só aumenta.
Agora, o mundo inteiro acompanha de perto os próximos passos de Teerã e a decisão final que pode transformar a “artéria do petróleo mundial” em um novo ponto crítico de instabilidade.