O governo brasileiro soltou uma nota neste domingo, 22 de junho, condenando com força total os ataques militares dos Estados Unidos e de Israel contra três instalações nucleares no Irã. A declaração, feita pelo Itamaraty, classificou as ofensivas como uma “violação da soberania do Irã e do direito internacional”, além de destacar os riscos para a saúde da população civil e para o meio ambiente.
O comunicado veio logo após o bombardeio, que atingiu os centros nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan, na noite de sábado. Segundo o governo Lula, as ações armadas contra instalações nucleares são consideradas uma ameaça grave por exporem civis a “riscos de contaminação radioativa e desastres ambientais de larga escala”.
Essa não é a primeira vez que o Brasil se posiciona nessa linha. No último dia 12, o Itamaraty já havia criticado bombardeios israelenses em solo iraniano. Na reunião do G7, o presidente Lula também chamou atenção para o perigo da escalada militar na região, dizendo que os conflitos podem transformar o Oriente Médio em “um único campo de batalha”.
Na nova nota, o governo brasileiro reforçou sua defesa histórica pelo uso exclusivamente pacífico da energia nuclear, lembrando sua rejeição à proliferação de armas nucleares. O texto também repudia os ataques de ambos os lados contra áreas civis densamente povoadas, como hospitais, que têm proteção garantida pelo direito internacional humanitário.
Outro ponto destacado pelo Itamaraty foi a cobrança por “máxima contenção” das partes envolvidas e a defesa de uma solução diplomática urgente, para frear o ciclo de violência e abrir espaço para negociações de paz. A nota alerta ainda para os impactos que a atual escalada pode ter na estabilidade global e no regime internacional de não proliferação nuclear.
Até agora, o governo brasileiro não fez qualquer crítica pública ao programa nuclear iraniano nem ao financiamento, por parte do Irã, de grupos considerados terroristas por outros países, como Israel. Diferente de outros líderes mundiais, como o presidente francês Emmanuel Macron, o Brasil também não fez menção ao direito de defesa de Israel.
O tom da nota confirma a postura que o governo Lula vem adotando nos últimos meses em relação ao conflito na região: uma posição firme contra os ataques ao Irã, focando principalmente na violação do direito internacional e nos riscos humanitários e ambientais que essas ações podem gerar.