A França amanheceu em choque nesta terça-feira (10) com mais uma tragédia dentro de uma escola. Desta vez, um adolescente de 14 anos esfaqueou e matou uma assistente educacional de 31 anos na escola Françoise Dolto, em Nogent, no leste do país. O crime aconteceu por volta das 8h15, enquanto os alunos ainda chegavam para as aulas.
A vítima participava de uma inspeção de mochilas organizada nacionalmente, como parte de um esforço recente do governo para conter a violência nas escolas. O agressor foi contido por agentes da gendarmaria e está sob custódia. Ainda tentou ferir um policial durante a prisão.
O caso levanta ainda mais tensão na França, que vive uma escalada preocupante de ataques escolares. Este é o terceiro assassinato dentro de uma escola francesa em apenas três meses. Os outros dois aconteceram em março, quando um estudante morreu em uma briga em Essonne, e em abril, quando um adolescente matou uma colega com 57 facadas em Nantes, ferindo outros três alunos.
O jovem autor do crime em Nogent não tinha antecedentes criminais, mas já havia sido suspenso duas vezes no início do ano por mau comportamento. O mais chocante: ele era apontado como “embaixador antibullying” da escola. Após o ataque, os 324 alunos da instituição ficaram confinados até a liberação completa do prédio.
O presidente Emmanuel Macron classificou o assassinato como um ato de “violência sem sentido” e prometeu reforçar o combate à criminalidade. O governo já vinha realizando inspeções aleatórias em escolas desde o último ataque. Até o final de maio, foram 6 mil ações, que resultaram na apreensão de 186 facas e na prisão de 32 pessoas.
Diante da nova tragédia, o primeiro-ministro François Bayrou anunciou que a França vai testar portões de segurança em colégios, e não poupou palavras: “Facas estão se tornando parte do cotidiano de crianças pequenas”.
Enquanto a Assembleia Nacional prestava um minuto de silêncio pela assistente morta, sindicatos de professores e educadores exigiam medidas concretas de proteção. A líder da direita, Marine Le Pen, acusou o governo de omissão e pediu uma resposta política firme. Já representantes da esquerda criticaram as propostas de segurança extrema, afirmando que transformar escolas em espaços cercados por detectores de metais e câmeras pode afastá-las da função pedagógica.
Especialistas apontam que, além do debate sobre segurança, há um problema grave de falta de detecção precoce de distúrbios mentais entre os jovens agressores. Nos três casos recentes, os autores eram adolescentes, todos homens, usaram facas e atacaram dentro ou nos arredores das próprias escolas.
A França, mais uma vez, precisa lidar com a dor, o luto e a urgência de agir. E, principalmente, repensar até que ponto o ambiente escolar está realmente protegido.