A Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) divulgou uma nota oficial neste final de semana para comentar a ocupação da Fazenda São Jorge, em Quedas do Iguaçu, realizada no sábado, 7 de junho. A manifestação reuniu cerca de 250 pessoas e mobilizou um grande efetivo da Polícia Militar do Paraná.

De acordo com a FNL, a ocupação foi pacífica e teve como objetivo chamar a atenção para a pauta da reforma agrária e cobrar ações do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). O movimento também criticou declarações feitas por autoridades policiais e repudiou o que considerou tentativas de criminalização da ação.

A desocupação da área ocorreu de forma negociada, sem confronto, e os manifestantes deixaram o local após acordo entre representantes da FNL e autoridades.

Confira abaixo a nota da FNL na íntegra:

Nota Oficial da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) – Quedas do Iguaçu e Paraná

A Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), organizada em 9 estados brasileiros, incluindo o Paraná, vem a público esclarecer os fatos relacionados à manifestação realizada na Fazenda São Jorge, em Quedas do Iguaçu, no dia 7 de junho de 2025, e repudiar a criminalização de nossa luta pela reforma agrária.

1. Manifestação Legítima pela Reforma Agrária
A ação na Fazenda São Jorge foi uma manifestação pacífica com o objetivo de chamar a atenção do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para a urgente necessidade de atendimento às famílias sem-terra do Paraná. Cerca de 250 trabalhadores rurais, organizados pela FNL, ocuparam temporariamente a área para pressionar por políticas públicas que garantam o acesso à terra e à dignidade. Contrariando a narrativa oficial, que classificou a ação como uma “invasão criminosa”, reafirmamos que nossa luta é legítima e amparada pelo direito constitucional de manifestação.

2. Presença de Famílias e Ausência do Conselho Tutelar
As famílias presentes na manifestação, como ocorre em nossas ações, incluíam crianças e adolescentes devidamente acompanhados por seus pais ou responsáveis, uma vez que não possuem alternativa para deixá-los em outro local. Repudiamos a acusação de “corrupção de menores” feita pela Polícia Civil, que ignora o contexto social de vulnerabilidade dessas famílias e tenta criminalizar nossa organização. Se havia preocupação com a presença de menores, a Polícia Militar, sob comando do Coronel Cícero Tenório, deveria ter acionado o Conselho Tutelar, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A omissão desse procedimento revela a intenção de distorcer os fatos para justificar a repressão ao movimento.

3. Negociação Pacífica e Contradições Policiais
A saída das famílias da área ocupada foi resultado de uma negociação conduzida com o advogado da FNL, garantindo a desocupação pacífica, sem confrontos ou feridos. No entanto, questionamos a conduta das autoridades, que alegaram a ocorrência de agressões e uso de armas de fogo por parte dos manifestantes, mas não realizaram prisões no local para identificar os supostos responsáveis. Se tais atos ocorreram, como afirmado, por que os envolvidos foram liberados em nome de uma “saída pacífica”? Essa contradição sugere uma abordagem seletiva, que prioriza a criminalização genérica do movimento em vez de apurar responsabilidades individuais.

4. Crítica ao Monitoramento de Líderes Sociais
Rejeitamos veementemente a declaração da Polícia Civil, por meio de seu delegado, de que um líder da FNL estava sendo monitorado previamente. Monitorar lideranças de movimentos sociais, como Adelar, que representa a luta pela reforma agrária no Paraná, é uma prática arbitrária que remete aos tempos de repressão política. Tal postura viola o direito à livre organização e criminaliza a luta social, tratando defensores dos direitos dos trabalhadores rurais como criminosos. Exigimos transparência sobre as supostas evidências que justificariam esse monitoramento e repudiamos qualquer tentativa de intimidação contra a FNL.

5. Compromisso com a Luta e Apelo à Sociedade
A FNL reafirma seu compromisso com a luta pela reforma agrária e pela dignidade das famílias sem-terra. Denunciamos o padrão recorrente de criminalização dos movimentos sociais no Paraná, que enfrentam acusações infundadas sempre que se organizam para cobrar seus direitos. Convidamos a sociedade, organizações de direitos humanos, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), e os meios de comunicação a acompanharem de perto os desdobramentos desse caso, garantindo que a verdade prevaleça sobre a repressão.

A FNL de Quedas do Iguaçu e do Paraná seguirá mobilizada, em diálogo com as comunidades e em defesa da justiça social. Não nos calaremos diante da violência estrutural que nega terra, trabalho e dignidade aos trabalhadores rurais.

Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) – Quedas do Iguaçu e Paraná
7 de junho de 2025

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