Charlotte virou palco de uma daquelas noites que o torcedor do Fluminense vai guardar na memória como um troféu. Em pleno Estados Unidos, o Tricolor derrubou a favorita Internazionale por 2 a 0 e garantiu vaga nas quartas de final do Mundial de Clubes. A partida foi tudo o que se espera de um time que se autodenomina “Time de Guerreiros”: raça, estratégia, bola na rede e emoção até o último segundo.
O placar começou a ser construído cedo, quando Germán Cano, sempre ele, apareceu na pequena área para completar de cabeça um cruzamento de Arias, após roubada de bola e jogada rápida iniciada por Martinelli. Mal dava tempo de comemorar e já era possível sentir o bafo da Inter tentando igualar. Só que do outro lado tinha Fábio, o paredão que se agiganta sempre que precisa.
A pressão italiana não tardou, e a resposta veio com Di Marco forçando defesaça do goleiro tricolor. Mesmo recuado, o Flu se mostrava pronto para o contra-ataque, quase matando o jogo com Arias e Samuel Xavier. Teve até gol anulado de Ignácio, em jogada que merecia prêmio só pela entrega e posicionamento, se não fosse o VAR vendo meio corpo à frente…
O primeiro tempo foi praticamente uma aula de como segurar um adversário gigante sem deixar de ameaçar. Renato Gaúcho acertou em cheio na estratégia e os jogadores executaram como se tivessem ensaiado durante semanas.
Na volta do intervalo, o cansaço bateu forte na Inter, que começou a se desorganizar enquanto o Flu seguia firme na proposta. Arias, o dono do meio de campo, continuava com sua aula de controle e passes cirúrgicos. Faltou pouco para ele deixar o dele: mandou uma curva venenosa de fora da área e obrigou Sommer a fazer milagre.
A Inter até teve chances de empatar. Teve De Vrij mandando bola de frente pro gol pra fora, teve falta venenosa de Di Marco, teve duas finalizações de Lautaro que Fábio defendeu com categoria. E teve até bola na trave. Mas nada entrava.
Nos minutos finais, o Fluminense virou muralha. Renato mandou o time para um 5-4-1 fechado, plantou Thiago Santos para segurar o jogo aéreo e segurou o ímpeto desesperado dos italianos. A torcida já apelava aos céus pedindo proteção e parece que foi ouvida.
Porque, aos 47 do segundo tempo, veio o golpe final. Em um lateral despretensioso, a bola sobrou limpa nos pés de Hércules, que só teve o trabalho de correr e bater cruzado. 2 a 0. Fim de papo. Explosão nas arquibancadas.
Ignácio foi gigante. Fábio, decisivo como sempre. Cano, letal. Arias, o maestro. E Thiago Silva, o Monstro de sempre. Cada um à sua maneira, foi fundamental para que o Tricolor das Laranjeiras colocasse a poderosa Inter de Milão no bolso e carimbasse o passaporte para encarar Manchester City ou Al Hilal na próxima fase.
A torcida ficou “louca da cabeça”, com razão. Porque não é todo dia que um time sul-americano dá esse tipo de aula no Mundial. O Fluminense provou que, quando joga como Time de Guerreiros, dá trabalho até para os gigantes da Europa. E agora, quem quiser tirar o Tricolor do caminho, vai ter que suar, e muito.