Se você achava que Bayern, City e Barcelona eram os reis da pressão alta no futebol moderno, é melhor rever os conceitos. Quem está dominando esse quesito com sobras é o Flamengo. Sim, o time de Filipe Luís ainda engatinhando como técnico, aparece como líder global em pressão alta, segundo levantamento do CIES (Centro Internacional de Estudos dos Esportes). E não é pouca coisa: os caras estão à frente de Bayern de Munique, Arsenal, Manchester City e Barcelona.
O número é claro e direto: 59,04 metros. Essa é a média de distância da última linha defensiva do Flamengo até o próprio gol, o que traduz na prática o quanto o time sobe suas linhas para pressionar. Só para comparar: o segundo colocado é o Bayern, com 57,16 metros. Ou seja, o Flamengo está não só entre os grandes, mas acima deles nesse critério.
A lista ainda tem surpresas: o Getafe aparece em sexto, à frente do badalado PSG. Bologna, Lille e Olympique de Marseille também marcam presença no top-10. Mas o topo é do rubro-negro carioca.
Tudo isso tem nome e sobrenome: Filipe Luís. Desde que assumiu o comando do time em outubro de 2024, o ex-lateral não abre mão de um estilo agressivo, com pressão no campo rival e marcação alta. A ideia é clara: recuperar a bola o mais perto possível do gol adversário e transformar erro em chance clara.
Essa filosofia, no entanto, tem preço. Filipe não costuma escalar Pedro e Arrascaeta juntos, e o motivo é simples: os dois, por mais talentosos que sejam, não oferecem a intensidade física que o treinador exige na pressão. Então, normalmente joga um ou outro.
Para Filipe, o jogo é dividido em fases defensivas, tiro de meta, pressão alta, bloco médio e bloco baixo, e todo mundo precisa estar comprometido com todas elas. A pressão começa no goleiro adversário e só termina quando a bola está, de novo, nos pés do Flamengo. Ou quando o time precisa recuar e montar um bloco mais compacto, como já fez em momentos de aperto.
E aí vem a pergunta que muita gente está fazendo: o Flamengo vai manter essa postura no Mundial de Clubes? A resposta não é simples. Vai depender do adversário e do cenário de cada jogo. Filipe já mostrou que sabe ajustar quando precisa, como aconteceu na Copa do Brasil contra o Corinthians, quando perdeu Bruno Henrique expulso e teve que mudar todo o esquema para um 5-4-0 e jogar no contra-ataque.
Ou seja, a pressão alta é a base, mas não é regra inquebrável. Se tiver que baixar as linhas para não levar bola nas costas contra o Chelsea, por exemplo, o Flamengo vai fazer. Mas a ideia, sempre que possível, é sufocar.
O time está no Grupo D do Mundial, ao lado de Espérance (Tunísia), Chelsea (Inglaterra) e Los Angeles FC (EUA). Se vai funcionar? A resposta começa a ser dada em poucos dias, mas uma coisa é certa: o Flamengo chega com moral e um estilo claro, que já faz barulho no mundo todo.
No fim das contas, ver um clube sul-americano batendo de frente com gigantes europeus nesse tipo de estatística é raro e um baita sinal de que, pelo menos nesse aspecto, o futebol do continente segue vivo e inovando. Agora é esperar pra ver se a teoria vai virar prática nos gramados dos Estados Unidos.