O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, acaba de ser formalmente denunciado pelo governo boliviano por uma lista pesada de crimes. O Ministério da Justiça apresentou nesta quinta-feira, 5 de junho, uma queixa ao Ministério Público de La Paz acusando Morales de terrorismo, incitação ao crime, obstrução de processos eleitorais, entre outros cinco delitos.

A denúncia se baseia em uma série de protestos violentos ligados a bloqueios de estrada organizados por seus apoiadores. Segundo o governo, mais de 40 bloqueios foram registrados em várias regiões, principalmente em Cochabamba, base política histórica de Morales. Entre as ordens atribuídas a ele estão cercar a capital e até invadir casas de autoridades.

O crime de terrorismo, o mais grave da lista, pode render de 15 a 20 anos de prisão.

Morales, que comandou o país de 2006 até 2019, está fora da corrida presidencial por decisão da Justiça, que impede mandatos além do segundo. Além disso, ele não possui um partido habilitado para registrar qualquer candidatura.

Em sua conta na rede X, o ex-presidente reagiu dizendo que essa já é a 14ª denúncia feita contra ele pelo governo do atual presidente, Luis Arce, e afirmou que isso “não vai silenciar as demandas do povo”.

Mas os problemas de Morales com a Justiça vão além da política.

Ele também é alvo de uma acusação gravíssima por estupro e tráfico de menor. O caso, segundo o Ministério Público, aconteceu em 2015, quando Morales teria se envolvido com uma adolescente de 15 anos. A jovem teria tido uma filha dele, e os pais da menina que teriam dado aval à relação, acabaram se beneficiando politicamente ao inscrevê-la em uma espécie de programa de base juvenil ligado ao ex-presidente.

Morales nega tudo, mas a Justiça não ignorou as denúncias. Desde janeiro, ele está em prisão preventiva, abrigado na região de Chapare, após o escândalo ganhar repercussão em outubro de 2024, quando o governo confirmou que havia uma investigação em andamento.

A situação do ex-presidente, que por anos foi símbolo de estabilidade para parte da população boliviana, agora está mergulhada em acusações de violência política, manipulação eleitoral e crimes sexuais. As denúncias acendem um novo alerta sobre os rumos da política boliviana e colocam Morales mais distante que nunca de qualquer chance de voltar ao poder.

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