A definição de quem é rico no Brasil varia de acordo com o critério adotado. Enquanto alguns métodos tradicionais dividem a população em três grupos, os 33% mais pobres, os 33% intermediários e os 33% mais ricos,especialistas alertam que essa abordagem não reflete a realidade das grandes desigualdades regionais.

O economista Daniel Duque, do FGV Ibre, propõe uma divisão mais precisa: três faixas de renda com cerca de 70 milhões de pessoas em cada. Nesse modelo, famílias com renda per capita acima de R$ 1.761 já estariam no terço mais rico da população, enquanto aquelas com até R$ 880 per capita ficariam na chamada classe média baixa.

Critérios de consultorias privadas

A consultoria Tendências adota um critério diferente, baseado na renda familiar total. Segundo seus dados:

  • Quase metade dos brasileiros está nas classes D e E, com renda de até R$ 3.500 por mês;
  • Famílias com rendimentos bem acima desse patamar podem ser consideradas de classe média alta ou ricas, dependendo da região em que vivem.

A análise inclui não apenas salários, mas também programas sociais, aposentadorias e pensões, refletindo melhor a renda disponível das famílias.

Desigualdade regional escancara contrastes

O que é ser rico em uma região do Brasil pode não significar o mesmo em outra. Enquanto em alguns municípios do interior o custo de vida é baixo, em capitais e grandes centros a renda necessária para manter padrão de classe alta é bem maior.

Exemplos de renda média mensal mostram esse contraste:

  • Lago Sul (Brasília) – R$ 39.535
  • Nova Lima (MG) – R$ 8.897
  • Santana de Parnaíba (SP) – R$ 5.791
  • Ipixuna do Pará (PA) – apenas R$ 71

Entre as capitais, Florianópolis lidera em renda per capita com R$ 4.215 mensais, seguida por Porto Alegre e Vitória. Já Macapá e Manaus estão entre as últimas colocadas, refletindo a desigualdade histórica entre Sul/Sudeste e Norte/Nordeste.

O que realmente define ser rico no Brasil?

Mais do que um número fixo, ser considerado rico depende da combinação entre renda, custo de vida e contexto regional. Uma família que recebe R$ 8 mil mensais em cidades pequenas pode ser considerada de alto padrão, enquanto em grandes centros como São Paulo esse valor a colocaria apenas na classe média.

Especialistas defendem que políticas públicas precisam considerar essas diferenças regionais para reduzir desigualdades e definir com mais clareza os cortes entre classes sociais.

Em resumo, no Brasil atual, uma renda per capita a partir de R$ 1.761 já coloca uma família entre os mais ricos estatisticamente. No entanto, para ostentar o título de “rico” em regiões como Brasília, São Paulo ou Rio de Janeiro, é preciso um rendimento muito mais elevado.

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