Um hábito comum em postos de combustível pode transformar uma economia de centavos em um prejuízo de até R$ 15 mil. Muitos motoristas pedem para completar o tanque além do primeiro clique da bomba, mas essa prática danifica o sistema de controle de vapores e pode comprometer até o motor do veículo, alertam especialistas.
O papel do primeiro clique no abastecimento
O “clique” da bomba não é um detalhe qualquer: ele sinaliza que o tanque atingiu o limite seguro. O espaço restante é essencial para a expansão do combustível e para o funcionamento do sistema de evaporação, que evita a liberação de vapores tóxicos na atmosfera.
Quando o tanque é preenchido além desse ponto, o cânister de carvão ativado, responsável por reter os vapores e redirecioná-los ao motor, pode ser invadido por combustível líquido. O resultado é a perda da capacidade de filtragem e um efeito em cascata sobre válvulas, sensores e até o catalisador.
Danos que podem custar mais que o valor do carro
Trocar apenas o cânister pode custar entre R$ 800 e R$ 2.500, dependendo do modelo. Porém, em muitos casos o problema não para por aí. O excesso de combustível pode chegar ao sistema de injeção, provocar falhas graves no motor e danificar o catalisador.
Oficinas já registraram reparos que superam R$ 15 mil, especialmente em carros importados e de luxo. O impacto não é apenas financeiro: falhas também aumentam emissões e colocam em risco a durabilidade do motor.
O que diz a legislação sobre abastecer além do limite
Em São Paulo, a lei nº 16.656/2018 proíbe os frentistas de continuar o abastecimento depois do desligamento automático da bomba. A prática do “arredondamento” é considerada infração e pode gerar multa ao posto.
A medida segue orientações de engenheiros da SAE Brasil, que há anos alertam para os riscos de ultrapassar o limite do tanque. A recomendação é simples: o motorista deve aceitar o primeiro clique e não insistir em completar.
Outros erros comuns no abastecimento
Além de forçar além do clique, outro descuido grave é abastecer com combustível errado, como colocar gasolina em carros a diesel ou etanol em veículos que não são flex. Esse erro pode danificar bombas de alta pressão e injetores, resultando em reparos ainda mais caros.
Rodar constantemente com o tanque na reserva também é prejudicial. Isso aumenta o risco de a bomba de combustível aspirar sujeira do fundo do tanque, reduzindo sua vida útil.
Como evitar prejuízos no abastecimento
Adotar alguns cuidados simples pode evitar dores de cabeça e garantir a vida útil do motor:
- Respeitar o primeiro clique e nunca pedir para “completar até a boca”.
- Abastecer apenas em postos de confiança, reduzindo o risco de combustível adulterado.
- Ficar atento a cheiros fortes de combustível ou falhas no funcionamento, que podem indicar problemas no cânister.
- Manter revisões em dia, garantindo que o sistema de evaporação funcione corretamente.
Mitos e verdades sobre abastecimento
Ainda circula entre motoristas a ideia de que é normal forçar um pouco além do clique ou que não há problema em rodar na reserva com frequência. Na prática, esses hábitos aceleram o desgaste de componentes sensíveis e podem levar a danos irreversíveis.
Outro mito é acreditar que carros modernos têm sistemas de proteção contra excesso de combustível. Embora alguns modelos contem com mecanismos adicionais, eles não eliminam os riscos e não substituem o cuidado no momento de abastecer.
Respeitar o clique é proteger o bolso
O simples ato de parar no primeiro clique da bomba é suficiente para evitar reparos caríssimos e preservar a durabilidade do motor. Ignorar esse detalhe pode custar milhares de reais em reparos e até comprometer todo o sistema de injeção.
Em tempos de combustível caro, a falsa sensação de economia pode sair muito mais cara. Por isso, especialistas são unânimes: não complete o tanque até a boca. O cuidado mais barato no posto é também o mais eficaz para evitar prejuízos.