O Rio Grande do Sul entra numa semana pesada de tempo severo. Um ciclone extratropical se forma entre o sul do Paraguai, o nordeste da Argentina e o território gaúcho e deve trazer vento forte, chuva intensa e longas horas de instabilidade a partir desta segunda.
A MetSul fala em altíssimo risco para o estado. O sistema pode manter temporais, chuva volumosa e rajadas muito intensas por um período que pode chegar a 36 horas. A previsão é de vento acima de 100 km/h, especialmente no litoral e nas áreas mais altas da serra.
Meteorologistas tratam esse ciclone como um caso fora do comum. Não é comum pela época, pela formação em terra, pela trajetória e pela pressão extremamente baixa. Segundo Gustavo Verardo, do ClimaTempo, quanto menor a pressão, mais forte o vento. E os números previstos chamam atenção. Há estimativa de pressão abaixo de 1000 hPa. No RS, pode despencar para 985 a 990 hPa, níveis raríssimos.
Luiz Fernando Nachtigall, da UFPEL, lembra que valores assim já causam transtorno até no inverno, quando o ar está mais frio e estável. Agora, a atmosfera vem de dias muito quentes, com marcas perto ou acima dos 40 graus. A combinação preocupa. Se os números se confirmarem, será a menor pressão registrada desde o furacão Catarina, em 2004.
O sistema se organiza nesta segunda no norte da Argentina e cruza o Rio Grande do Sul na terça. Os efeitos avançam também para Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e parte de Minas. No leste gaúcho e catarinense, a chuva pode somar 100 milímetros em 24 horas, o suficiente para gerar alagamentos.
Na quarta, o ciclone já estará inteiro no mar, mas ainda com vento muito forte. Em São Paulo, as rajadas podem chegar a 90 km/h. A expectativa é de destelhamentos, queda de postes e falta de energia.
Meteorologistas reforçam que a população deve ficar atenta aos alertas e orientações da Defesa Civil. O ciclone é um grande centro de ventos girando em sentido horário e com pressão baixa no miolo. A marca registrada é a ventania, capaz de provocar muitos estragos.
O alerta vem na esteira de um ano difícil no Sul. Em maio, enchentes históricas arrasaram mais de 400 cidades gaúchas e tiraram 185 vidas. E, há poucas semanas, um tornado destruiu quase toda a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, com ventos de 250 km/h, deixando mortos, feridos e mais de mil moradores desalojados. Segundo especialistas, aquele evento também nasceu de um ciclone extratropical.

