O clima entre Irã, Estados Unidos e Israel ficou ainda mais tenso neste domingo, 22 de junho. O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, desembarcou em Moscou para uma reunião com o presidente russo Vladimir Putin e outras autoridades do Kremlin. O objetivo é claro: definir os próximos passos da resposta iraniana aos ataques americanos que destruíram três instalações nucleares no país.
Antes de embarcar, em entrevista coletiva dada em Istambul, Araghchi deixou claro que a parceria com a Rússia vai além da diplomacia comum. Chamou Moscou de “amiga do Irã” e disse que, sobre a reação de Teerã, “todas as opções estão sobre a mesa”.
A visita acontece em meio ao décimo dia de guerra entre Irã e Israel, com a tensão internacional subindo de nível. Segundo a agência estatal iraniana IRNA, o chanceler deve tratar com Putin sobre os desdobramentos regionais e internacionais da que chamou de “agressão militar dos Estados Unidos e do regime sionista”.
Se alguém ainda imaginava uma reabertura de diálogo entre Teerã e Washington, a resposta de Araghchi foi categórica: “A diplomacia não é mais uma opção. O governo de Donald Trump decidiu lançá-la pelos ares”, afirmou o chanceler. Ele responsabilizou diretamente os Estados Unidos por qualquer escalada futura, chamando a administração americana de “beligerante e sem lei”.
Logo após os ataques, o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, também se pronunciou, acusando os Estados Unidos de estarem por trás da ofensiva israelense contra a República Islâmica. Para Pezeshkian, os bombardeios ordenados por Trump mostram a “incapacidade evidente” de Israel em lidar sozinho com o Irã, o que teria forçado Washington a intervir diretamente.
Do lado russo, o tom não foi menos duro. O Ministério das Relações Exteriores de Moscou divulgou um comunicado classificando a ação militar dos Estados Unidos como “irresponsável” e uma “grave violação do direito internacional”. O texto diz que o ataque representa o início de uma “escalada perigosa, repleta de novas ameaças à segurança regional e global”.
Moscou também reforçou que o uso de mísseis e bombas contra o território de um Estado soberano, em qualquer circunstância, “viola flagrantemente a Carta da ONU e resoluções do Conselho de Segurança”.
Com a diplomacia praticamente enterrada, Irã e Rússia agora afinam suas estratégias. O mundo observa de perto os próximos movimentos, temendo que a crise ganhe ainda mais proporções.