No dia em que completou mais um ano de vida, Carlo Ancelotti ganhou um presente modesto, mas simbólico: sua primeira vitória como técnico da Seleção Brasileira. Um suado 1 a 0 sobre o Paraguai, com gol de Vinícius Júnior, que carimbou o passaporte da Canarinho para a próxima Copa do Mundo. Nada de festa com goleada, mas sim um jogo de paciência, suor e um tanto de insistência.
A partida, que marcou a estreia de Ancelotti em casa, também mostrou uma mudança de postura. O 4-3-2-1 da primeira partida virou um 4-4-2, com a entrada de Gabriel Martinelli no lugar de Gerson. O desenho tático ganhou mais velocidade pelos lados com Martinelli e Raphinha abertos, além de um ataque com Vini e Matheus Cunha que substituiu Richarlison formando uma dupla mais dinâmica.
Logo aos sete minutos, a nova formação deu sinais de que poderia funcionar. Vini, Cunha e Raphinha tabelaram bonito, e o chute rasteiro do último exigiu boa defesa de Gatito. No lance seguinte, mais uma trama rápida pela direita: cruzamento de Cunha, Vini tentou completar de carrinho, mas faltou aquele capricho final.
O problema era o de sempre: o Paraguai travado lá atrás, estacionando o ônibus na frente da área. O Brasil insistia, quase todos no campo ofensivo, e a partida virou um jogo de paciência. Martinelli até tentou resolver na marra, com arrancada pela esquerda e cruzamento na medida para Cunha. Só que o cabeceio do atacante foi mais para trás do que para o gol.
No fim, o gol brasileiro nasceu mais da insistência do que da inspiração. Raphinha perdeu a bola, Cunha brigou, ganhou e cruzou rasteiro. Vini apareceu de novo, agora com um carrinho mais preciso, empurrando para a rede. Um gol que premiou um primeiro tempo com cara de time bem treinado: movimentação, intensidade e uma dupla de volantes, Casemiro e Bruno Guimarães dando ritmo ao jogo.
Na segunda etapa, com a vantagem no placar, o time voltou mais leve. Continuou rondando a área paraguaia e até poderia ter ampliado. Bruno Guimarães quase marcou em duas oportunidades, mas sempre tinha um tal de Cáceres no meio do caminho. Numa delas, Vini cruzou, Bruno encobriu Gatito e Cáceres salvou. Em outra, Gatito soltou um chute de Raphinha, e o defensor apareceu de novo para evitar o gol de Martinelli.
O Paraguai até tentou sair um pouco do buraco nos minutos finais, mas aí já era tarde. O Brasil soube controlar o jogo, não sofreu grandes sustos e ainda criou mais uma boa chance com Bruno Guimarães, que parou em Gatito.
No fim das contas, o 1 a 0 não enche os olhos, mas basta. Primeira vitória de Ancelotti, vaga na Copa garantida e sinais de um time que começa a ter identidade. Agora é ver se a evolução continua, porque vontade e talento a gente sabe que tem, o que falta é transformar isso em consistência. E se o começo é com vitória, que venham os próximos capítulos.