Bonecas com aparência incrivelmente realista, que simulam até o cheiro e os documentos de um bebê verdadeiro, vêm conquistando espaço além do universo infantil. Conhecidas como bebês reborn, elas têm sido cada vez mais adotadas por adolescentes, adultos e idosos, não apenas como objetos de coleção ou passatempo, mas também como instrumentos de apoio emocional.

Essas bonecas, produzidas com riqueza de detalhes, têm sido usadas em contextos terapêuticos, como em lares de idosos, clínicas psicológicas e por mulheres que vivenciaram perdas gestacionais. Nesses casos, o reborn pode funcionar como uma ferramenta simbólica para ajudar no enfrentamento do luto, da solidão e da ansiedade, oferecendo um conforto emocional temporário e auxiliando na reorganização dos sentimentos.

Contudo, o apego excessivo a essas bonecas levanta preocupações entre especialistas. Quando o vínculo passa a interferir nas relações humanas reais e impacta negativamente a vida social da pessoa, pode ser um sinal de alerta. Há situações em que indivíduos tratam a boneca como se fosse um bebê real, evitando o convívio com outras pessoas ou demonstrando sofrimento intenso ao se separar do reborn. Esses comportamentos podem indicar quadros de sofrimento psíquico, como depressão, ansiedade ou luto não resolvido.

Casos extremos já foram registrados, como pessoas levando bonecas reborn a unidades de saúde simulando emergências médicas, o que pode confundir profissionais e apontar para um nível preocupante de envolvimento afetivo com o objeto. Também há relatos de disputas judiciais pela “guarda” da boneca, revelando como o apego pode ultrapassar o simbólico e tocar em questões mais profundas da saúde mental.

É importante destacar que o uso de elementos lúdicos por adultos não é, por si só, motivo de preocupação. Assim como videogames ou hobbies diversos, cuidar de um reborn pode representar uma forma de prazer ou regulação emocional. O que deve ser observado é o impacto desse comportamento no cotidiano da pessoa: se há prejuízos na rotina, isolamento ou sofrimento evidente, é necessário buscar ajuda especializada.

Para familiares e amigos, o mais indicado é manter uma postura de acolhimento e escuta atenta, evitando julgamentos precipitados. Nem todo apego é patológico. O importante é compreender qual o papel que o reborn está exercendo na vida da pessoa. Quando utilizado como forma de expressão afetiva ou passatempo, dentro de uma vida funcional e equilibrada, não há motivo para alarme. Mas diante de sinais de sofrimento emocional, o apoio psicológico se torna essencial.

O fenômeno das bonecas reborn escancara como objetos podem adquirir significados profundos em nossas vidas, servindo tanto como suporte emocional quanto como alerta para problemas que precisam de atenção. O equilíbrio, como em quase tudo, é a chave para entender até que ponto o lúdico permanece saudável.

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