Aquela conversa de avó que diz que banha de porco é melhor que óleo de soja não é apenas saudosismo. Nos últimos anos, estudos e especialistas em nutrição têm resgatado o valor da gordura animal na alimentação cotidiana, e os resultados surpreendem. A nutricionista Adriana Loyola explica que, se usada com moderação e origem confiável, a banha pode ser uma aliada na busca por uma dieta mais natural e equilibrada.
Um estudo recente da Faculdade União das Américas, no Paraná, inclusive confirmou o que muitas pessoas já intuíam: a banha de porco, quando bem utilizada, impacta menos os níveis de colesterol do que o óleo de soja.
Qual a diferença?
A banha de porco é de origem animal e composta, em sua maior parte, por gorduras monoinsaturadas, como o ácido oleico, o mesmo tipo de gordura presente no azeite de oliva. Ela também tem uma porção de gorduras saturadas, e uma quantidade pequena de gorduras poli-insaturadas.
Já o óleo de soja, apesar de ser de origem vegetal, apresenta um perfil bem diferente: é rico em gorduras poli-insaturadas, especialmente o ácido linoleico (ou ômega 6), com baixos níveis de gorduras monoinsaturadas e saturadas.
A nutricionista destaca que, em excesso e sem o devido equilíbrio com o ômega 3, o ômega 6 tende a estimular processos inflamatórios no organismo, favorecendo doenças como obesidade, diabetes tipo 2, síndrome metabólica e problemas cardiovasculares.
Industrialização e qualidade do ingrediente
Outro ponto importante é o grau de processamento. O óleo de soja passa por etapas industriais intensas, como a extração com solventes e o refinamento. Esse processo pode levar à formação de compostos pró-inflamatórios e à perda de antioxidantes naturais.
Em contrapartida, a banha artesanal, sem aditivos ou produtos químicos, preserva melhor a estrutura das gorduras e oferece mais estabilidade em altas temperaturas. Isso significa que ela é menos propensa a liberar substâncias tóxicas durante o cozimento, tornando-se uma opção mais segura para frituras e refogados.
Pode usar no dia a dia?
Sim, desde que com equilíbrio. Adriana Loyola reforça que o ideal é fazer escolhas alinhadas ao seu estilo de vida e condições de saúde. Para quem busca uma alimentação mais natural e caseira, a banha pode ser uma alternativa saborosa, especialmente quando substitui óleos ultraprocessados.
Ela também alerta para o consumo consciente: “Mesmo ingredientes saudáveis devem ser usados com moderação. O excesso de qualquer tipo de gordura pode prejudicar a saúde”, afirma.
Como usar banha de forma segura?
- Prefira banha de porco artesanal, de fornecedores confiáveis, sem aditivos químicos;
- Use em receitas que exijam calor alto, como frituras e grelhados;
- Evite reutilizar a mesma gordura muitas vezes;
- Armazene em local seco e protegido da luz para conservar melhor.
Quando o óleo de soja ainda pode ser últil
Apesar de suas desvantagens em excesso, o óleo de soja não precisa ser totalmente descartado. Ele pode ser usado com parcimônia em receitas que exigem pequenas quantidades de gordura e quando não houver alternativa mais natural disponível.
Mas o recado é claro: nem toda gordura animal é vilã, e nem todo óleo vegetal é herói. A chave está no equilíbrio, na procedência e no modo de preparo.
Se a ideia é reduzir inflamações, melhorar o perfil lipídico e garantir mais segurança térmica durante o cozimento, a banha de porco artesanal é uma escolha interessante. Mas sempre com orientação nutricional, especialmente para pessoas com condições de saúde específicas.
Para quem busca uma alimentação consciente, vale repensar os velhos conceitos sobre gordura e explorar opções que, mesmo tradicionais, podem ser incrivelmente atuais.