A crise financeira dos Correios deixou de ser boato e virou plano oficial. A estatal anunciou um pacote pesado de reestruturação para tentar estancar uma sequência de prejuízos que já dura três anos. Entre as medidas estão corte de gastos, venda de imóveis, empréstimos bilionários e o ponto que mais assusta a população do interior, o fechamento de cerca de mil agências espalhadas pelo país.
O discurso da direção é claro. O modelo atual não se sustenta mais. A empresa pretende economizar mais de R$ 2 bilhões só com pessoal, reduzir drasticamente a folha de pagamento por meio de um Programa de Demissão Voluntária e enxugar a estrutura física, eliminando unidades consideradas deficitárias.
Oficialmente, ainda não existe uma lista de quais agências serão fechadas. A direção dos Correios reforça que nada está decidido, que os estudos seguem em andamento e que qualquer definição será comunicada no momento oportuno. Mas quem vive em cidade pequena sabe como esse filme costuma terminar.
Crise antiga, solução conhecida
Em outros momentos de crise, o mesmo roteiro foi seguido. Sempre que os Correios apertaram o cinto, as primeiras unidades a entrarem na mira foram as agências de municípios menores, onde o volume de atendimento é mais baixo e a operação gera menos retorno financeiro.
Esse histórico faz crescer a apreensão em Catanduvas. Nossa cidade já teve, em diferentes períodos, rumores fortes sobre o possível fechamento da agência local. Nenhum deles se concretizou, mas o assunto nunca saiu completamente de pauta.
E Catanduvas, corre risco?
Neste momento, não há qualquer confirmação de que a agência dos Correios em Catanduvas será fechada ou mesmo se corre algum risco. Não existe anúncio oficial, comunicado interno nem decisão formal. Ainda assim, a preocupação é legítima, principalmente diante da intenção declarada da estatal de cortar mil pontos de atendimento em todo o país.
Em bastidores, um argumento sempre citado por moradores e servidores é que Catanduvas possui um fator considerado estratégico. O município abriga a Penitenciária Federal de Segurança Máxima, que utiliza com frequência os serviços dos Correios para envio e recebimento de documentação oficial, processos e correspondências institucionais.
Ao longo dos anos, muitos acreditaram que esse uso constante da estrutura postal federal teria sido determinante para manter a agência funcionando, mesmo em períodos em que outras cidades perderam as suas.
Impacto direto na população
O eventual fechamento de uma agência em Catanduvas não seria apenas um problema administrativo. Para a população, significaria deslocamentos maiores, perda de serviços básicos, dificuldade para envio de encomendas, documentos, recebimento de correspondências e impacto direto em pequenos comércios e empresas locais.
Em cidades do porte de Catanduvas, os Correios ainda cumprem um papel essencial, muito além da entrega de cartas. Eles conectam moradores a serviços públicos, ao comércio eletrônico e ao próprio funcionamento da administração pública.
Nada decidido, mas o sinal está ligado
O plano dos Correios mira 2026 como o ano da virada financeira e projeta lucro a partir de 2027. Até lá, o caminho será duro. Corte de gastos, redução de pessoal, revisão de plano de saúde e enxugamento da rede física estão no centro da estratégia.
Para Catanduvas, o cenário exige atenção, mas sem pânico. Não há decisão tomada, não há anúncio de fechamento e a agência segue funcionando normalmente. Ainda assim, o histórico mostra que, em tempos de crise, cidades menores sempre acabam sentindo primeiro.
Agora, resta acompanhar de perto os próximos capítulos e torcer para que, mais uma vez, Catanduvas fique fora da lista.

