Um relatório recente do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) lança luz sobre um possível fator contribuinte para o trágico acidente com um avião da Voepass/Passaredo, em 9 de agosto de 2024. A análise aponta para a fadiga da tripulação como um elemento que pode ter influenciado a queda, que resultou na morte de 58 passageiros e quatro tripulantes.
O documento detalha que as escalas de trabalho da tripulação não contemplavam tempo de descanso adequado, uma falha que potencialmente levou a erros humanos impulsionados pela exaustão. Segundo as conclusões, a empresa aérea elaborou escalas que comprometiam o descanso da equipe, gerando um nível de cansaço capaz de afetar a concentração e o tempo de reação dos profissionais. Este fator, combinado com outras possíveis causas, teria contribuído para o acidente.
A auditoria do MTE revelou, ainda, que a empresa não exercia um controle efetivo sobre a jornada de trabalho de seus funcionários, descumprindo o tempo de repouso previsto na legislação para aeronautas e violando cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho voltadas à prevenção da fadiga.
Diante das irregularidades constatadas, fiscais emitiram dez autos de infração, resultando em multas que totalizam aproximadamente R$ 730 mil. Além disso, a Voepass/Passaredo foi notificada por um débito superior a R$ 1 milhão referente ao Fundo de Garantia dos trabalhadores. A empresa tem o direito de recorrer das infrações.
A Nacional de Aviação Civil (ANAC) já havia suspendido as operações aéreas da Voepass em março deste ano, culminando no cancelamento da certificação de operação da empresa em junho. Em abril de 2025, a Voepass solicitou recuperação judicial com o objetivo de reestruturar suas finanças.
A reportagem buscou contato com a Voepass para obter um posicionamento sobre o relatório do MTE, mas não obteve resposta até o momento.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br