Imagina um caminhão que encara o gelo, a lama e a falta total de estrada como se fosse brincadeira. É isso que o Tonar 7502 faz. Criado na Rússia, ele foi pensado especialmente para as regiões mais remotas e congeladas da Sibéria, onde os termômetros desabam para abaixo de -50 °C e a infraestrutura, literalmente, desaparece.

Esse caminhão não é só robusto, ele é um gigante de 28 metros de comprimento com dois reboques e quase 5 metros de altura. Precisa até de escolta e autorização especial pra circular em vias normais. E não é à toa: o bicho aguenta mais de 180 toneladas de carga, com estabilidade garantida mesmo em terrenos congelados e esburacados.

A receita da potência mistura peças de vários cantos do mundo: motor americano Cummins de 19 litros, transmissão automática também dos EUA, suspensão com componentes chineses e uma caixa de transferência alemã. Tudo isso unido sob uma estrutura feita pela russa Tonar em parceria com a mineradora Aurosa.

Mas essa mistura de peças virou dor de cabeça. Com as sanções internacionais após 2022, conseguir manutenção ou reposição de peças virou um desafio. E aí entra o plano B: ou a Rússia se aproxima mais da China pra substituir os fornecedores ocidentais, ou tenta desenvolver tecnologia 100% nacional, o que exigiria investimento pesado e tempo.

Apesar dos obstáculos, o Tonar 7502 se mantém firme e relevante. Ele nasceu justamente da necessidade de se virar onde não há ferrovia, nem avião que dê conta do custo, como é o caso da Yakútia, uma das áreas mais frias e isoladas do planeta. Lá, esse caminhão virou a única solução viável pra transportar grandes volumes de minério.

Uma das grandes sacadas do Tonar é a autonomia operacional: ele vai direto da mina até o local de beneficiamento, sem precisar trocar de veículo ou parar em centros logísticos. Resultado? Menos caminhões na operação e custo logístico bem mais baixo, algo crucial em regiões onde cada quilômetro percorrido é uma batalha.

Mesmo com os perrengues técnicos e a crise de peças, o caminhão continua sendo uma alternativa eficiente, sobretudo para mineradoras que operam em condições climáticas extremas. A expectativa agora é que a Rússia invista em uma versão ainda mais robusta e, quem sabe, 100% feita em casa, capaz de bater de frente com os megadumpers de 400 toneladas usados no resto do mundo.

Enquanto isso não acontece, o Tonar 7502 segue fazendo o que foi projetado para fazer: enfrentar o impossível, carregando toneladas no meio do nada, no frio extremo, com o gelo rachando sob as rodas e sem precisar de estrada pra isso.

Compartilhar.