O Botafogo viveu uma daquelas noites que o torcedor guarda na memória para sempre. No mesmo estádio onde a Seleção Brasileira levantou a taça da Copa do Mundo de 1994, o Glorioso foi gigante e bateu o Paris Saint-Germain por 1 a 0, em um jogo com cara de Copa, com suor, estratégia e um herói improvável: Igor Jesus. Com o resultado, o Botafogo assumiu a liderança do grupo B do Mundial de Clubes e deixou o PSG e o Atlético de Madrid numa sinuca de bico.

Agora a conta é simples: o Bota só fica fora se o PSG atropelar o Seattle Sounders e o Atlético de Madrid meter pelo menos três gols de diferença na sua última partida. Qualquer empatezinho no jogo dos franceses já garante o alvinegro carioca na próxima fase, e como líder da chave.

Um duelo que trouxe de volta a velha rivalidade América do Sul x Europa

A partida teve aquele clima de confronto de mundos. Brasileiros contra europeus. Um cenário que nos últimos anos andava meio apagado, com algumas atuações protocoladas dos clubes daqui contra os gigantes de lá. Mas desta vez foi diferente. Não foi uma partida como Palmeiras x Porto ou Fluminense x Dortmund. Foi o Botafogo encarando o melhor time da Europa no momento, com um elenco recheado de estrelas e um técnico renomado, mas que encontrou pela frente um time organizado e com fome.

A comparação com aquele Internacional de Abel Braga que derrubou o Barcelona de Ronaldinho Gaúcho em 2006 não é exagero. Assim como na ocasião, o Botafogo também teve seus heróis. Vitinho, por exemplo, fez um trabalho de marcação digno de aplausos em cima de Kvaratskhelia, um dos principais nomes do PSG. Não foi perfeito, mas esteve muito perto disso. Parecia o Ceará daquele jogo histórico do Inter.

No meio, Allan foi um leão na marcação. A escolha de Renato Paiva por colocar o ex-volante do Napoli em campo foi certeira. O Botafogo espelhou o 4-3-3 do PSG e bloqueou o jogo pelo centro, justamente onde os franceses gostam de construir suas jogadas. Resultado? Vitinha, cérebro da equipe de Luis Enrique, mal conseguiu aparecer.

Igor Jesus, o novo herói alvinegro

Na frente, o Botafogo precisava de alguém decisivo. E foi aí que brilhou a estrela de Igor Jesus. O atacante foi aquele jogador que o torcedor gosta: segurou a bola no ataque, brigou com os zagueiros, e quando apareceu a chance, não desperdiçou. O lance do gol foi construído com paciência no meio-campo. Marlon Freitas clareou o jogo, achou Savarino, que fez o passe na medida. Igor Jesus apareceu no meio dos defensores, limpou a marcação e bateu rasteiro, firme, no canto. O típico gol que faz a torcida explodir.

Resistência até o fim

Depois do gol, o segundo tempo foi praticamente um teste cardíaco para os botafoguenses. O PSG veio com tudo. Luis Enrique mandou a campo sua cavalaria: Nuno Mendes, Barcola e companhia. Mudou o lado de Kvara, empurrou o time para frente, mas encontrou um Botafogo que se defendeu com a vida.

John precisou trabalhar, principalmente numa cabeçada traiçoeira de Gonçalo Ramos após cobrança de falta. O goleiro mostrou reflexo de futsal para evitar o empate. Na defesa, Jair e Alexander Barboza foram monstros na bola aérea. Parecia que nada passaria por eles.

Outro detalhe tático que merece destaque foi o comportamento de Artur e Savarino. Em vez de recuar e virar um 4-5-1 na hora de se defender, o time manteve o 4-3-3, bloqueando as linhas de passe pelo meio e impedindo o PSG de triangular na zona central.

No final, o PSG ainda tentou pelas laterais, com Hakimi subindo bastante, mas o Botafogo manteve a concentração. Com entradas de Montoro e Santi Rodríguez, o time ainda ganhou um pouco de fôlego na marcação e aguentou firme até o apito final.

Do Rio a Paris: o Botafogo segue vivo e provocando sorrisos

No apito final, ficou aquele clima de festa com alívio. Uma vitória que serve não só para dar moral no torneio, mas também para mostrar que o futebol brasileiro ainda sabe como derrubar gigantes. Renato Paiva, criticado em outros momentos, mostrou que também sabe montar um time para grandes jogos.

O Botafogo agora fica na expectativa, torcendo contra o PSG na última rodada. Mas depois de uma noite como essa, o torcedor já sabe: ainda é tempo de Botafogo.

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