A tensão no Oriente Médio atingiu um novo patamar nesta quarta-feira (18). A Rússia fez um alerta direto aos Estados Unidos: não entrem na guerra entre Irã e Israel. Segundo o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, qualquer envolvimento militar americano pode provocar uma “desestabilização” geral na região.
Ryabkov revelou que Moscou está mantendo contato com Washington para tratar da situação. O recado russo foi dado em entrevista à agência Interfax, deixando claro que o Kremlin está preocupado com os rumos que o conflito pode tomar.
Mas o tom mais dramático veio da porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, que foi ainda mais direta: “O mundo está a poucos milímetros de uma catástrofe”, disse ela à agência Ria Novosti. O temor maior, segundo ela, é que a guerra escale para um nível nuclear, com participação de outras potências.
Enquanto isso, no Irã, o clima é de desafio. O líder supremo do país, Ali Khamenei, fez um pronunciamento na TV estatal, falando à população em tom de resistência. Ele prometeu que o “sangue dos mártires” será lembrado e que o ataque de Israel ao território iraniano “não ficará sem resposta”.
Khamenei também criticou duramente os Estados Unidos. Disse que o Irã “não irá se render”, como pediu o presidente americano Donald Trump, que nessa terça (17) exigiu uma “rendição incondicional” de Teerã.
O líder iraniano respondeu em tom de provocação: “Primeiro ameace aqueles que têm medo de ser ameaçados”, afirmou Khamenei, de 86 anos, no comando do país há mais de três décadas. Ele também deixou claro que “a guerra será respondida com guerra” e que o Irã não aceitará “exigências ou ditames” de Washington.
Do lado militar, a situação não dá sinais de trégua. Israel bombardeou alvos importantes em Teerã, incluindo uma universidade ligada à Guarda Revolucionária e 12 bases de mísseis iranianas. Em resposta, o Irã disparou pelo menos 40 mísseis contra o território israelense, incluindo um ataque direto a Tel Aviv, onde diz ter atingido o QG do Mossad, a agência de inteligência de Israel.
Até agora, o número oficial de mortos permanece o mesmo: 224 no Irã e 24 em Israel.
Donald Trump, por sua vez, segue endurecendo o discurso. Disse que sabe exatamente “onde o líder supremo está” e que os Estados Unidos têm “controle total dos céus sobre o Irã”, como se o país já estivesse em ação militar. Além disso, o Pentágono enviou uma esquadrilha de caças ao Oriente Médio, além de aviões-tanque para missões de longa duração.
A ameaça de um confronto direto entre Estados Unidos e Irã já está mexendo com a diplomacia internacional. Por precaução, o Departamento de Estado americano fechou a embaixada dos EUA em Jerusalém até a próxima sexta-feira.
A tensão também causou efeitos na agenda global. O encontro entre o presidente Lula e o líder ucraniano Volodymyr Zelensky, previsto para acontecer durante a cúpula do G7, foi cancelado. O motivo: o avanço da crise no Oriente Médio, que agora domina as atenções das grandes potências.
Nas redes sociais, o aiatolá Khamenei voltou a atacar Israel, chamando o país de “regime sionista terrorista” e prometendo uma “resposta forte”.
Com a escalada de ameaças de todos os lados, a única certeza é que o mundo inteiro observa, apreensivo, o desenrolar de um conflito que pode tomar proporções históricas a qualquer momento.