O Paraná ligou o sinal vermelho. Com hospitais pressionados e um salto nos casos de síndromes respiratórias graves (SRAG), o governo estadual decretou estado de alerta em saúde pública e lançou um pacote de medidas emergenciais para conter o avanço da doença.

A Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) anunciou a Resolução nº 1.014/2025 nesta sexta-feira (6), que vale por 90 dias. Entre as ações, estão prioridade no atendimento a pacientes com sintomas respiratórios, reforço na vacinação dos grupos de risco e testes rápidos em unidades de saúde.

Os números preocupam. De janeiro até agora, o Paraná já registrou 10.635 casos de SRAG com internação e 523 mortes. Só de Influenza foram 991 casos graves e 85 mortes, sendo que apenas nove vítimas estavam vacinadas. Um dado que escancara o impacto da baixa adesão à vacina.

E a situação piorou nas últimas semanas. Entre o final de abril e o fim de maio, os casos de SRAG que exigiram hospitalização subiram 43,17%, passando de 3.164 para 4.530. Atualmente, mais da metade das cidades paranaenses já têm registros de internações por vírus respiratórios, e 25 municípios enfrentaram ao menos um óbito por esse motivo.

Segundo o secretário de Saúde, Beto Preto, o Estado vive um momento de alta ocupação de leitos, tanto em enfermarias quanto UTIs. “Com essa resolução de alerta, colocamos em prática um plano de ação para enfrentar essa fase crítica das síndromes respiratórias graves”, afirmou.

Para tentar desafogar os hospitais, o governo está comprando 100 mil testes rápidos para detecção de Influenza A, B e Covid-19, com investimento de R$ 800 mil. Esses testes vão para UPAs, hospitais e postos de saúde, com a promessa de acelerar o diagnóstico e garantir tratamento rápido com medicamentos como o oseltamivir (Tamiflu).

Além disso, foram abertos 58 novos leitos nas regiões de Curitiba, Foz do Iguaçu e Ponta Grossa, com destaque para UTIs e enfermarias pediátricas. A ideia é ir ampliando conforme a demanda. O levantamento mais recente mostra que o Estado ainda tem capacidade para criar até 200 leitos extras, caso necessário.

A taxa de ocupação está alta: 88% das UTIs e 62% das enfermarias estão ocupadas. Desse total, 10% das UTIs e 6% das enfermarias são para casos de SRAG. O público mais afetado? Crianças e idosos. Em 2025, quase 80% dos pedidos de internação foram para essas faixas etárias. As internações de crianças até 5 anos cresceram 14,12%, e entre idosos acima de 60 anos, o salto foi de 19,66% em relação a 2024.

A vacinação segue sendo o ponto fraco do enfrentamento. Mesmo com mais de 4 milhões de doses da vacina contra a gripe distribuídas, a cobertura ainda é baixa: apenas 42,11% do público-alvo se vacinou. Entre os idosos, a adesão foi de 46,03%; entre crianças, 33,74%; e entre gestantes, apenas 30,83%. A meta é atingir 90% em todos esses grupos.

O boletim de circulação viral divulgado pela Sesa confirma o cenário: quase metade das amostras analisadas testaram positivo para vírus respiratórios. Foram 283 casos de Influenza e mais de mil de outros vírus, com 48 registros de múltiplos agentes numa mesma amostra.

E a Covid-19 continua exigindo atenção. De dezembro de 2024 a maio de 2025, o Paraná somou 14.600 casos e 94 mortes por coronavírus. A taxa de incidência é de 125,9 casos a cada 100 mil habitantes, e a de mortalidade, 0,81 por 100 mil.

Com vírus circulando forte e vacinação ainda abaixo do ideal, o alerta do governo é claro: o momento exige ação rápida e cuidados redobrados.

Compartilhar.