Aos 20 e poucos anos, a maioria das pessoas vive como se fosse imune a qualquer problema de saúde. Fuma socialmente, bebe sem culpa, dorme pouco, ignora exercícios e segue o baile. Mas isso tem prazo de validade. E ele costuma chegar por volta dos 36 anos, quando o corpo começa a apresentar a fatura de anos de excessos e descuidos.

Pesquisas feitas na Finlândia mostraram que é a partir dos 36 que os efeitos de um estilo de vida bagunçado começam a aparecer com mais força. Problemas como depressão, doenças cardíacas e até câncer deixam de ser uma possibilidade distante para virar realidade para muita gente.

É entre os 36 e os 46 anos que decisões simples passam a ter um peso enorme no futuro. O corpo já não responde mais como antes, e os danos silenciosos que começaram lá atrás inflamações causadas por má alimentação, estresse, sedentarismo, tabagismo, começam a se manifestar em forma de doenças reais.

Segundo o oncologista Philip Borg, é exatamente nessa década que a saúde exige mais atenção. A boa notícia? Ainda dá tempo de mudar. Até os 35, muita coisa pode ser revertida. Por exemplo, quem para de fumar antes dessa idade consegue reduzir os riscos de mortalidade quase ao nível de quem nunca fumou. Mas depois dos 40, o risco de câncer de pulmão e outras doenças crônicas cresce rápido, principalmente entre os homens.

Outro fator que pesa nessa fase da vida são as mudanças hormonais. Nas mulheres, a aproximação da menopausa derruba os níveis de estrogênio e progesterona, o que afeta diretamente a massa muscular, a densidade óssea e até a imunidade. Nos homens, a partir dos 30, a testosterona começa a cair, impactando o metabolismo, os ossos e a disposição.

E tudo isso acontece num momento em que muita gente está no auge da carreira, com filhos pequenos, contas a pagar e uma rotina de estresse altíssimo. Esse estresse acumulado não só acelera o desgaste físico como também agrava os efeitos das mudanças hormonais. É como jogar combustível em uma fogueira já acesa.

Mas o cenário não é desesperador. Muito pelo contrário. Justamente por ser um ponto de virada, os 36 anos são um ótimo momento para colocar a vida nos trilhos. Pequenas decisões fazem uma diferença enorme a longo prazo. Reduzir ou cortar o álcool, parar de fumar, começar a se mexer com regularidade e repensar a alimentação são passos que transformam a saúde.

Exercícios físicos ganham um papel central. Eles ajudam na saúde do coração, mantêm a massa muscular e protegem os ossos. Já uma alimentação rica em proteínas magras, vegetais, fibras e menos industrializados dá ao corpo o combustível certo para enfrentar as mudanças que vêm com a idade.

Além disso, o sono e o descanso ganham um novo peso. Dormir bem regula os hormônios, ajuda a mente a funcionar melhor e previne o desgaste cognitivo. Técnicas de respiração, meditação e até o simples hábito de conviver mais com quem você gosta ajudam a aliviar o estresse e trazem mais equilíbrio emocional.

Muita gente só percebe a importância desses cuidados quando o corpo começa a dar sinais claros. Mas cada vez mais pessoas estão se antecipando. Estão mudando a rotina antes que a saúde cobre o preço. E descobrindo que cuidar de si mesmo não é só uma questão de prevenir o futuro, mas de viver melhor agora.

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