Você toma café quase todo dia. Às vezes sem pensar muito. É só um gole pra acordar, um momento de pausa no trabalho ou uma desculpa pra puxar conversa. Mas por trás dessa xícara marrom que parece tão inofensiva, tem uma história maluca cheia de reviravoltas.
O café já foi acusado de ser coisa do demônio, proibido por autoridades, motivo de divórcio, moeda de troca mais valiosa que o ouro e até ingrediente de uma iguaria que envolve cocô. Sim, é isso mesmo que você leu.
A seguir, você vai conhecer cinco fatos absurdos, porém reais, que transformam qualquer café comum numa viagem pela história, cultura e esquisitices do mundo.
1. O café já foi banido por ser considerado perigoso demais
Em 1511, na cidade de Meca, o café caiu em desgraça. Khair Beg, o então governante local, achava que as pessoas estavam ficando “rebeldes” demais nos cafés, que naquela época funcionavam como centros de encontro pra discutir ideias, política e religião. Ele viu isso como uma ameaça ao poder e proibiu a bebida.
Essa desconfiança não ficou restrita ao mundo islâmico. Quando o café chegou à Europa, muita gente o viu com os mesmos olhos desconfiados. O apelido? Bebida do diabo. Foi aí que entra o papa Clemente VIII. A história conta que ele resolveu provar a tal bebida demoníaca antes de condená-la. Resultado: achou maravilhosa. E disse que o café era bom demais pra ser deixado só com os infiéis. Se ele realmente batizou a bebida, ninguém sabe. Mas que ajudou a popularizar, ah, ajudou.
2. Existe um café feito com cocô de bicho — e ele custa uma fortuna
O kopi luwak é provavelmente o café mais excêntrico e caro do mundo. Ele é feito com grãos que passaram pelo sistema digestivo de uma civeta, um pequeno mamífero asiático que parece uma mistura de gato com guaxinim. O animal come os frutos do café, digere a polpa, mas elimina os grãos quase intactos.
Esses grãos são então recolhidos, limpos, torrados e moídos. O resultado? Um café suave, com sabor menos ácido e corpo mais encorpado. Pelo menos é o que dizem os entusiastas. Mas o mais impressionante é o preço: pode passar de mil dólares o quilo.
Claro que tem controvérsia. Muita gente questiona o tratamento dos animais nas fazendas que produzem o kopi luwak em larga escala. Então, além de caro, é um café que levanta debates éticos. O que é certo é que você precisa ser bem corajoso ou muito curioso pra tomar algo que começou no estômago de um bicho.
3. Café já foi motivo de separação — legalmente falando
Na Turquia do século XVII, o café era coisa tão séria que virou cláusula de casamento. Se um marido não fosse capaz de fornecer café pra sua esposa, ela podia pedir o divórcio. E não era drama, era lei.
Pode parecer exagero, mas o café naquele tempo era símbolo de dignidade, hospitalidade e bem-estar. Ter café em casa era sinal de que as coisas iam bem. Faltar com isso era quase como faltar com respeito.
Imagina se essa regra valesse hoje? Ia ter gente separando por causa da cápsula errada na cafeteira.
4. Ele já foi mais valioso que ouro
Quando o café chegou ao Brasil, ele não era só uma bebida: era um símbolo de poder econômico. No século XIX, o país se transformou no maior exportador de café do planeta. As plantações se multiplicaram e a bebida virou um dos motores da economia.
Pra você ter uma ideia, havia regiões onde uma saca de café valia mais do que barras de ouro. Famílias inteiras enriqueceram com o ouro preto da época. A influência foi tanta que o café moldou até a política brasileira, com a famosa política do café com leite, que dividia o poder entre São Paulo, maior produtor de café, e Minas Gerais, forte na pecuária e leite.
Hoje, o Brasil continua sendo um dos maiores produtores do mundo. Mas naquela época, o café literalmente mandava no país.
5. Existe uma variedade azul que nasce só em um lugar do mundo
Nas montanhas da Etiópia, berço do café, existe uma espécie raríssima chamada Blue Mountain Ghost. Antes de ser torrado, o grão tem uma coloração azulada, meio translúcida, que parece coisa de ficção científica. Ele cresce em áreas altas, úmidas e pouco acessíveis. A produção é tão pequena que quase ninguém fora das aldeias locais consegue provar.
Dizem que o sabor é adocicado, com notas de lavanda, mel e um leve toque cítrico. Não existe exportação oficial. Quem prova, prova in loco, e geralmente em cerimônias tradicionais. É aquele tipo de curiosidade que parece lenda, mas é 100% real.
Agora que você sabe tudo isso…
Dá pra continuar tomando seu café do mesmo jeito? Cada xícara tem mais história do que muita novela. De bebida marginalizada a símbolo de status, o café atravessou séculos mexendo com o mundo e com as pessoas.
Então, da próxima vez que for tomar seu espresso, seu coado ou seu pingado, lembra que ali dentro pode ter mais mistério do que parece. E se alguém duvidar, agora você tem pelo menos cinco boas histórias pra contar.